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A medida da alegria |
A medida da alegria| Foto:
  • Marialina, uma das razões da felicidade do casal Luciane e Luiz Sérgio, juntos há 26 anos

O escritor Érico Veríssimo escreveu que a felicidade é a certeza de que nossa vida não está se passando inutilmente. Estudos científicos sobre a felicidade revelam que Veríssimo estava certo. A ciência se dedicou ao tema nos últimos 20 anos e descobriu que ser feliz não está relacionado com dinheiro ou conquistas materiais, e sim com a capacidade de criar conexões com os outros e de ter relações interpessoais significativas. Prova disso é o Butão, país da Ásia onde a população se considera uma das mais felizes do mundo.

A felicidade, cantada em verso e prosa, tornou-se objeto de estudo da ciência com a psicologia positiva. O tema surgiu na década de 1980 quando um grupo de psicólogos decidiu estudar o lado positivo da mente humana. Descobriram que, apesar das adversidades, as pessoas se consideram felizes na maior parte do tempo. Pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo ao Instituto Paraná Pesquisas mostra que 83% dos curitibanos se consideram felizes, porcentagem alta se comparada ao índice mundial. De acordo com o World Data Base of Happiness, estudo mundial sobre a felicidade, a campeã é a Dinamarca com a mesma média dos curitibanos: 8,2.

A razão da felicidade do curitibano é a família. Dos entrevistados, 70% disseram que o marido ou a esposa, os filhos e pais são os responsáveis pelo bem-estar e alegria. A importância dos familiares é apontada pela pesquisadora Fátima Niemeyer da Rocha como única variável na história do Ocidente quando se busca a felicidade. Na tese de doutorado, a psicóloga estudou a representação da felicidade na sociedade ocidental. Ao analisar textos históricos sobre o tema, descobriu que durante os séculos a visão do que era felicidade se alterou. Em determinado momento estava relacionada com alimentação, poder ou religião.

A única variável que sempre era apontada como determinante foi a família. O psicólogo Alexandre Bez lembra também que uma das principais causas para a depressão profunda é a separação. "Nossos companheiros são a família que escolhemos e construímos, por isso são tão importantes."

Para quem acredita que só o dinheiro traz felicidade, a psicologia positiva tem uma resposta nada agradável. Uma boa situação financeira é importante, sim, e ajuda na busca pelo bem-estar, mas há um limite. Quem tem privações monetárias e consegue ascender socialmente tem um bom ganho na alegria, mas depois o que faz a diferença são fatores subjetivos. Para os curitibanos, o dinheiro é só o quinto item que mais influencia no bem-estar, atrás da família, saúde, amor e filhos. A nota para a situação financeira (6,6) ficou abaixo da média para os familiares (8,61).

A psicóloga e antropóloga Susan Andrews, formada pela Universidade de Harvard (EUA), afirma haver estudos apontando que, até determinado nível de riqueza, mais sucesso material de fato traz mais bem-estar. Só que depois de certo ponto, mais bens materiais não trazem satisfação. "O que importa a esta altura são os chamados "fatores não-materiais", tais como companheirismo, famílias harmoniosas, relacionamentos amorosos e uma sensação de se viver uma vida significativa", explica. "Nós, enquanto seres humanos, temos fome não apenas por alimento para o corpo, mas também para a alma."

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