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Veja nos gráficos os dados levantados pela ONG Criança Segura |
Veja nos gráficos os dados levantados pela ONG Criança Segura| Foto:

A vacina contra trauma se chama prevenção

O cirurgião-pediátrico Martin Eichelberger, fundador da organização Safe Kids Worldwide, em passagem por Curitiba, para participar do II Simpósio Brasileiro de Urgências e Emergências Pediátricas, conversou com a Gazeta do Povo sobre um problema que assola o mundo todo: a mortalidade de crianças entre 0 e 14 anos, vítimas de acidentes evitáveis. Criada em 1987, a organização Safe Kids Worldwide é voltada para a promoção da prevenção de acidentes com crianças.

Confira a entrevista

Agressão é a razão de 13% de todas as mortes por causas externas

Cerca de 13% das mortes crianças por causas externas no Brasil são decorrentes de violência doméstica. Pior: em 95% dos casos, a agressão é cometida pelos próprios pais ou responsáveis. As mortes e outras possíveis seqüelas da violência contra as crianças estão sendo discutidas, desde ontem, em um evento promovido pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Neste mês, completa um ano a criação de um ambulatório especializado, dentro do hospital, para atender a essas crianças. O evento, que é aberto à comunidade e envolve pessoas que trabalham diretamente com o assunto, prossegue até amanhã.

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Nove em cada dez casos de traumas pediátricos que chegam aos hospitais poderiam ser evitados. É o que diz um estudo apresentado pela organização Safe Kids Worldwide, rede que congrega 16 países em cinco continentes e é representada, no Brasil, pela ONG Criança Segura. A estimativa, segundo a organização, é aplicada ao mundo todo. No Brasil, entretanto, a situação é ainda mais preocupante, já que os acidentes matam quase 6 mil crianças por ano. Por dia, 16 crianças brasileiras morrem vítimas de acidentes e 380 são hospitalizadas.

Uma pesquisa feita pela ONG Criança Segura com base em dados do Ministério da Saúde mostra que, no Brasil, os acidentes representam 79% das mortes por causa externa entre crianças de 0 a 14 anos. A segunda causa é a violência, com 13%. Os dados referem-se a 2005, os últimos disponíveis.

Trânsito

Entre os acidentes, o estudo da ONG Criança Segura mostra que o de maior prevalência é o relacionado a trânsito, responsável por 40% das ocorrências. O segundo tipo de acidente de maior incidência nessa faixa etária é o afogamento, com 26% dos casos. Entre as hospitalizações, a queda é a principal causa, responsável por 55% das internações.

A boa notícia é que a mortalidade por acidentes entre crianças de 0 a 14 anos vem caindo no Brasil, passando de 6.656, em 2000, para 5.808, em 2005. Mesmo assim, os números são alarmantes e uma séria questão de saúde pública, segundo a ONG Criança Segura. O problema é sentido dia a dia por quem trabalha na área e virou tema do II Simpósio Brasileiro de Urgências e Emergências Pediátricas, que acontece em Curitiba, até amanhã.

"Eu sei o que é ver pais chorando pela perda de um filho, sem eu poder fazer nada e, pior: sabendo que tudo poderia ter sido evitado", afirma o chefe do Trauma Pediátrico do Hospital Vita Curitiba, Marcelo Ribas. De acordo com o médico, para cada criança que morre vítima de acidente há quatro que ficam com seqüelas permanentes.

Segundo a coordenadora de formação de mobilizadores da ONG Criança Segura, Alessandra Françóia, atitudes simples fazem toda a diferença. "Não é questão de dar dicas. Os pais precisam ter olho clínico, ver se a situação oferece risco ou não, se a criança tem condição de lidar com aquele risco ou não. Não é porque a criança aprende rápido que ela conhece o perigo. Os pais não devem expô-las", afirma.

Atitude

Para Marcelo Ribas, é necessário somar prevenção, tratamento e reabilitação. "É necessária uma mudança de comportamento. Em vez de gastar R$ 500 para som e roda do carro, a família tem que se preocupar em comprar cadeirinha e capacete", exemplifica. Segundo o médico, a situação ainda é agravada em Curitiba, pelo fato de a cidade não ter um pronto-socorro especializado em crianças.

"Hoje, as crianças são distribuídas entre os prontos-socorros da cidade", explica o médico. "Com um centro apropriado, a mortalidade diminuiria. Precisamos de um local adequado para tratar as crianças", afirma.

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