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Jundiaí do Sul – Por mais que se procure, é quase impossível encontrar um adolescente em Jundiaí do Sul que tenha nascido na cidade. O pequeno município do Norte Pioneiro, com pouco mais de três mil habitantes, está há 17 anos sem registrar nascimentos oficiais. A causa? O único hospital da cidade não tem maternidade. As gestantes têm de sair para dar à luz. Deslocam-se, principalmente, a Santo Antonio da Platina e a Telêmaco Borba.

Além do incômodo para as grávidas – que viajam mais de 80 quilômetros para o parto –, a situação deixa a população chateada. "Mexe com a auto-estima de jovens", assegura o prefeito Joel Marciano Rauber (PMDB). É aquela história de viver, estudar e trabalhar no lugar, mas ser oficialmente um "estrangeiro"...

A direção do Hospital Municipal São Francisco de Assis estima que nesses 17 anos cerca de dois mil bebês deixaram de ser registrados na cidade – o equivalente a 55% da população atual.

Renaldo Teodoro da Silva, 17 anos, é um exemplo dos "forasteiros nativos". Ele mora com a família em Jundiaí do Sul, mas nasceu em uma maternidade de Santo Antonio da Platina. Ressente-se de não ter seu registro na cidade do coração, mas não faz a menor idéia do porquê ter nascido fora de Jundiaí do Sul. "Pensei que fosse por causa da [melhor] estrutura do hospital de Santo Antonio da Platina." A situação do garoto Willian de Souza, 7 anos, é parecida. Ele também não sabe por que foi nascer em Telêmaco Borba.

Adriana Rocha Freitas, 29 anos, provedora do hospital, diz que a unidade sempre se manteve com o repasse do Sistema Único de Saúde (SUS) e da prefeitura e por isso nunca conseguiu instalar a tão sonhada maternidade.

O prefeito se diz indignado com a situação e que foi a falta de estrutura do hospital que o motivou a disputar a prefeitura. "Passava pela praça e via as crianças brincando sem saber que a falta de estrutura da nossa cidade impediu que eles fossem registrados como jundiaiense", declara Rauber, que foi ministro das Comunicações no governo Collor.

Para ele, Jundiaí é uma amostra da triste realidade de pequenas cidades que não dispõem de infra-estrutura suficiente na área de saúde. Apesar de não realizar partos, garante o prefeito, o hospital faz os demais atendimentos básicos de saúde para a população local.

Este mês, no entanto, veio a promessa de solução do problema. O Provopar (Programa Programa do Voluntariado Paranaense) vai repassar R$ 35 mil à prefeitura para a instalar a maternidade. Lucia Arruda, presidente do Provopar, informa que a verba é fruto da arrecadação da barraca do Provopar na 28.ª Festa de São Francisco da Ordem, realizada em setembro, em Curitiba.

Perfil da cidade

Com vocação estritamente agrícola, Jundiaí do Sul tem uma das melhores taxas do Índice de Desenvolvimento Humano do Norte Pioneiro, mesmo enfrentando problemas peculiares como a falta de maternidade. Com IDH de 0,721, a cidade se classifica na categoria de médio desenvolvimento humano, em uma das mais pobres regiões do Paraná.

Além dos seus três mil habitantes, Jundiaí do Sul também tem uma população flutuante de mais três mil pessoas. Os números se referem, principalmente, a famílias de trabalhadores sem-terra que estão na região em seis acampamentos.

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