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Isabelle ganhou uma casinha de bonecas dos voluntários do Pequeno Príncipe e gostou tanto do presente que decidiu, com apenas 5 anos, virar voluntária também | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Isabelle ganhou uma casinha de bonecas dos voluntários do Pequeno Príncipe e gostou tanto do presente que decidiu, com apenas 5 anos, virar voluntária também| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

História

32 anos concretizando desejos

A Make a Wish nasceu nos Estados Unidos. O primeiro desejo realizado foi de um menino de 7 anos, chamado Chris Greicius, que fazia tratamento contra uma leucemia. O sonho dele era ser policial. A mãe do garoto entrou em contato com o departamento de segurança do Arizona e eles planejaram um dia especial. Chris andou de helicóptero e visitou o quartel. Foi saudado pela tropa, se tornou um patrulheiro, com direito a uniforme mirim e capacete igual ao dos policiais. Ele faleceu no dia seguinte. A Make a Wish foi criada em 1980 e quatro meses depois já tinha angariado US$ 2 mil, verba suficiente para atender outra criança. (PC)

Desde 2008 funciona no Brasil uma filial da ONG Make a Wish, que realiza sonhos de crianças com doenças graves. O objetivo é que meninos e meninas tenham um grande desejo transformado em realidade e assim possam enfrentar com mais otimismo difíceis tratamentos de saúde. A lista dos pedidos inclui desde ganhar um computador novo até conhecer o jogador de futebol Ronaldo Nazário.

No Brasil, 336 sonhos de crianças e adolescentes com idade entre 3 e 18 anos foram colocados em prática. A Make a Wish recebe as solicitações de familiares e médicos. Não há seleção baseada na renda das famílias e todas as crianças que se enquadrem nos pré-requisitos podem participar. Depois da primeira etapa, é feito um contato com a equipe médica para verificar o estado de saúde dos pacientes e a possibilidade de concretizar o pedido. Voluntários treinados fazem uma entrevista final e depois entram em contato com os patrocinadores.

São feitos basicamente quatro tipos de desejos: ter, ser, ir e conhecer. Há crianças que desejam ter determinado objeto, outras querem ser algo – como um policial –, algumas gostariam de ir a alguma lugar, como a praia, e, no último grupo, estão aquelas que querem conhecer alguém. O dia da realização do sonho é chamado de "entrega da magia" e tudo é preparado para que a data seja inesquecível.

A ONG vive de doações, principalmente dos fundos arrecadados em um jantar anual. Apenas 15% dos recursos são usados para subsidiar as atividades da instituição, que tem somente quatro funcionários contratados – a maior parte do trabalho é feita pelos 300 voluntários cadastrados e treinados. Há também uma rede de colaboradores, que doam serviços e produtos, como passagens aéreas e transporte.

Missão

Diretora executiva da Make-A-Wish Brasil, Leda Tannus diz que a missão da organização é devolver às crianças a esperança e alegria. Ela lembra que a ONG não usa a expressão "último desejo" porque o objetivo é que os meninos e as meninas ganhem mais força para se recuperar.

Atualmente a Make a Wish está presente em 42 países e torna real um pedido a cada 15 minutos. No total, cerca de 300 mil foram feitos no mundo. Para Leda, os voluntários participam da iniciativa porque é algo tangível. "As pessoas sabem para quem estão doando e veem isso. É possível ajudar crianças do Paraná e do Amazonas."

O primeiro caso da Make a Wish brasileira foi no Paraná. Uma menina de 14 anos, de Iretama, Região Central do estado, fazia um tratamento para câncer e ainda não conhecia o mar. No dia da "entrega da magia" ela viajou com a família para o Guarujá (SP). Como já estava em uma cadeira de rodas, recebeu a ajuda de dois mergulhadores para entrar na água, andou de lancha, comeu frutos do mar e conheceu o aquário de Santos. Três meses depois ela faleceu, mas, segundo Leda Tannus, passou as festas de fim de ano feliz ao lado dos familiares.

Psicóloga e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Flávia Maria de Paula Soares explica que este tipo de ação pode ajudar a humanizar o tratamento e auxiliar nos conflitos psicológicos gerados pela doença. "Há uma função calmante, proporcionada pelo efeito lúdico", afirma.

Serviço para ajudar a ONG Make a Wish entre no site www.makeawishbrasil.com.br. O Hospital Pequeno Príncipe também presta este tipo de serviço: www.hpp.org.br/voluntarios

De contemplada a voluntária

Há um ano a vida da pequena Isabelle de Oliveira Rodrigues Pereira, 5 anos, mudou quando ela recebeu uma casinha de bonecas de presente de um grupo de voluntários do Hospital Pequeno Príncipe. A menina fazia quimioterapia para tratar uma leucemia e estava desanimada com as idas ao hospital. O presente recebido não apenas deixou a rotina mais alegre, como transformou Isabelle em uma voluntária mirim no hospital. Agora, antes de todas as consultas que precisa fazer, ela dedica um tempo para entreter outras crianças, levando atividades e lápis de cor.

A mãe de Isabelle, Laura Simoni de Oliveira, conta que a filha começou a se queixar de dores nos pés e abdome. Elas foram ao hospital achando que a menina tinha se machucado, mas, no dia seguinte, a pequena já estava internada e uma semana depois recebia quimioterapia. Depois do período de internação, Isabelle passou a ir toda semana ao hospital para consultas. Em uma das visitas, ela conheceu o grupo de voluntários, que a presenteou com uma casinha de bonecas. O carinho teve impacto tão positivo que, mesmo com a pouca idade, Isabelle resolveu ser voluntária. Para completar sua função, pediu à mãe um avental semelhante ao usado por voluntários adultos.

Em setembro do ano passado, a estudante Sabrina Graziele Nagi, 14 anos, viveu o dia mais feliz de sua vida ao ganhar um baixo da banda Restart. Ela e a família co­­nheceram a Make a Wish pela televisão e fizeram o pedido por e-mail. Um voluntário da ONG en­­trou em contato, depois veio a surpresa. Sabrina e outra menina que tinha o mesmo desejo foram avisadas de que participariam de uma promoção em uma rádio. Ao chegar no local, tiveram a surpresa de encontrar o Restart. Sabrina estava há um ano tratando uma leucemia e nesta semana receberia o diagnóstico de provável cura.

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