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Aline Motter, no Motter Home: casarão virou reduto de turistas | Antônio More/ Gazeta do Povo
Aline Motter, no Motter Home: casarão virou reduto de turistas| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Clientela

Público dos hostels é variado e inclui também brasileiros

Embora os mochileiros estrangeiros sejam a maioria nos hostels curitibanos, brasileiros vez ou outra também aportam por aqui. E não apenas os turistas: é comum encontrar nos albergues pessoas que vêm a trabalho ou até para prestar concurso na cidade. Nas últimas semanas, o Backpackers, no bairro São Francisco, recebeu até um time de futebol.

Com os gringos, falar inglês é fundamental. Até para convencê-los a prolongar a estadia na Terra dos Pinheirais. "Curitiba é uma cidade de passagem para eles, que querem ir para Foz do Iguaçu e Florianópolis, principalmente. Alguns nem conhecem a Ilha do Mel. Fazemos de tudo para eles ficarem mais tempo", comenta Valdemir Krause, dono do Curitiba Backpackers.

De mochila nas costas e destino incerto, muitos brasileiros já percorreram continentes de hostel em hostel. A opção pela hospedagem barata e ambiente descontraído, onde ainda é possível fazer novos amigos, é muito comum fora do Brasil e tem ganhado mais adeptos por aqui também. E não são só os gringos que ocupam as beliches e salas coletivas dos albergues tupiniquins: os brasileiros, a passeio ou a trabalho, também aderiram aos hostels.

Em Curitiba, até 2011, havia apenas dois hostels, que são filiados à Hostelling International, associação mundial que emite carterinha de alberguista e oferece descontos para quem as possui. De lá para cá, mais cinco foram criados e há expectativa de que outros três sejam inaugurados em breve.

Pelo menos dois hostels dessa nova leva passaram a existir em grande parte pela experiência de viagem de seus proprietários. A turismóloga Aline Motter, de 27 anos, usou sua formação acadêmica e experiência no exterior na hora de decidir ter o próprio negócio: montou um albergue, o Motter Home Curitiba Hostel, em um casarão da década de 1950, no bairro Mercês, em maio do ano passado.

O primeiro contato com esse tipo de hospedagem foi na Europa, durante uma temporada de dois anos quando cursou o mestrado. Nesse tempo, ela viajou por sete países, sempre optando por se hospedar em hostels ou pousadas, no esquema bed and breakfast (cama e café da manhã). "Percebi que era normal, não só para jovens, mas para o público europeu que viaja. Eram casais, jovens que viajam sozinhos, pais e filhos, enfim, gente de todas as idades", observa.

O mesmo ocorreu com Valdemir Krause, de 27 anos, dono do Curitiba Backpackers, que fica no São Francisco. O casarão, que já foi uma república de estudantes, foi o primeiro desta nova fase de empreendimentos em Curitiba e surgiu porque Krause passou alguns anos viajando pela Europa e Oceania. Na volta, aproveitou a vivência no exterior para embasar seu próprio negócio.

Nas paredes da casa, recados bem-humorados lembram que o hóspede também precisa ajudar em algumas tarefas. "A cada louça que você lava, um fã do Justin Bieber morre. A cada que você não lava, a internet cai", diz um dos cartazes.

Informações sobre transporte deixam a desejar

Para muitos turistas estrangeiros, Curitiba parece familiar. Os próprios europeus admitem que a capital paranaenses lembra algumas cidades do Velho Continente. Mochileiros, estudantes ou profissionais de outros países que estão aqui, no entanto, se impressionam com os preços altos e a burocracia brasileira. E também reclamam do sistema de transporte da cidade: apesar de ser fácil usar, é difícil descobrir que linha pegar para ir de um lugar a outro.

Os estudantes alemães Hannes Weber, 24 anos, e Felix Stickel, 22, estão em Curitiba há um mês e vão passar uma temporada de um ano e meio no Brasil. "Curitiba é a cidade brasileira mais europeia, então, não é um choque cultural tão grande", observa Stickel, que já morou no Brasil e conhece algumas cidades do Sudeste e Nordeste.

A barreira da língua eles superaram, em parte: os dois já vieram para cá falando português e procuram conversar para treinar mais o idioma. Por outro lado, o preço da comida assusta: é mais caro do que na Alemanha. Na rua, os principais deslocamentos são feitos de ônibus. Apesar de considerarem o sistema bom, reclamam de não conseguir descobrir os itinerários pela internet. Assim, ficam dependentes das indicações de conhecidos.

Desde que chegaram, estão morando no Motter Home, nas Mercês, enquanto tentam alugar um apartamento. No entanto, como não têm ainda CPF, muito menos fiador residente no estado, a tarefa tem sido difícil. Enquanto isso, a dupla continua circulando por aí: os dois já foram para Florianópolis e se preparam para conhecer a Ilha do Mel.

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