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São Paulo – O historiador Boris Fausto, que por uma década ensinou ciência política na USP e tem onze livros publicados, apresenta-se como um homem da "esquerda democrática". E diz que nunca mudou de posição ao longo dos seus 76 anos, nem pensa em mudar – uma resposta à declaração do presidente Lula que afirmou que as pessoas sãs não permanecem na esquerda depois dos 60 anos. Mas seu principal alvo de defesa é a democracia. "A democracia como idéia, seja de direita ou de esquerda, não envelhece, nem deve morrer."

O senhor diria que a esquerda está envelhecendo?A questão do envelhecimento está ligada ao próprio conceito de esquerda. Eu acho que só faz sentido falar hoje em direita e esquerda se a gente puser um adjetivo, "direita e esquerda civilizadas". Se não se usar o adjetivo, essa noção de direita e esquerda abrange tanta coisa que fica tudo muito confuso. Por civilizada eu entendo o respeito às regras do processo democrático, liberdade de expressão, de manifestação, o direito de discordar, a rotatividade no poder. Seguindo essas regras, o partido poderá ser de direita ou de esquerda, mas será democrático. Quem não aceita as regras básicas da democracia, explícita ou implicitamente, se situa em outro campo, no campo autoritário, totalitário, no campo do populismo. Veja a direita chilena pró-Pinochet, tirana, eu jamais misturaria com a direita que faz o jogo democrático, por exemplo, na Inglaterra, na Alemanha. Da mesma forma o Hugo Chávez, da Venezuela, não é de esquerda. Ele é um populista com fortes tendências ao autoritarismo e a atitudes antidemocráticas.

As esquerdas e direitas democráticas também envelhecem?Acho que a democracia em si, como idéia, não envelhece, nem deve morrer. O que envelhecem são modelos que nascem no meio do caminho.

No Brasil, hoje, quem representa essa velha esquerda e a nova?O Movimento dos sem-terra (MST) e o PSOL têm esses elementos que não apontam para a frente. E a nova esquerda, como imagino, não tem cara no Brasil. Ela tem núcleos no interior do PSDB, tem algo no interior do PPS, do Roberto Freire, e no PV. E o PT, com certeza, está longe de ser esquerda.

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