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Curitiba não é uma ilha. O prefeito Beto Richa sabe que a cidade só pode resolver seus problemas e avançar nas conquistas se considerar no planejamento a relação – nem sempre fácil – com os municípios da região metropolitana. "Procuramos enxergar a administração com olhos da capital e dos vizinhos", diz Richa. O prefeito, que também é presidente da Assomec, a associação dos municípios da região, fala sobre integração e outros temas na entrevista a seguir.

A integração da região metropolitana, em todos os sentidos, sempre está presente nos discursos de todos os prefeitos da região e governadores. O caminho para a prática, no entanto, nem sempre é fácil. De que forma a prefeitura de Curitiba e o senhor, como presidente da Assomec, está encaminhando esse tema?

A nossa proposta de intensificar a integração metropolitana foi apresentada ainda durante a campanha eleitoral do ano passado. Como presidente da Assomec, também tenho tratado do assunto com os demais prefeitos, especialmente aqueles cujas cidades estão conurbadas com Curitiba. Além da integração que já mantemos no transporte coletivo, com 14 municípios, e na coleta e destino do lixo, com 15 municípios, temos ações nas áreas de saúde, educação, habitação e meio ambiente. Curitiba não é uma ilha e por isso estamos procurando, cada dia mais, enxergar a administração municipal com os olhos de quem mora na capital e de quem mora nos municípios vizinhos.

Que resultados práticos traz a existência de uma secretaria como a de Assuntos Metropolitanos?

A Secretaria Municipal de Assuntos Metropolitanos é uma pasta de articulação política e administrativa de Curitiba com os demais municípios. Questões como a otimização dos investimentos municipais em áreas próximas às divisas territoriais, onde um equipamento público acaba atendendo moradores de dois ou três municípios, precisam ser avaliadas previamente. A secretaria reúne as informações e faz as aproximações necessárias entre as prefeituras.

Um tema bastante delicado na integração é o do transporte. Municípios vizinhos reclamam que não estão integrados e que a redução da tarifa em Curitiba criou mais um entrave. É possível integrar o transporte em toda a região com uma tarifa razoável?

A integração no transporte coletivo envolve 14 municípios e beneficia 70% dos passageiros da região metropolitana de Curitiba. A ampliação dessa integração seria possível se o estado também participasse dela. A integração total precisaria contar com mecanismos para não onerar os passageiros de Curitiba, que percorrem os menores trechos. De qualquer forma, esse assunto deverá ser discutido com mais profundidade durante o processo de licitação que estamos preparando para o transporte coletivo de Curitiba.

Outro tema sensível é o da saúde. O Consórcio Regional de Saúde pode vir a ser, afinal, o fim de todos os atritos sobre essa questão?

O consórcio de saúde já funciona no estado com municípios que se uniram para a compra de medicamentos, o que gera economia de até 30% ou 40% em alguns casos. Na região metropolitana, o consórcio de saúde seria importante para dotar as cidades com estrutura de atendimento semelhante à de Curitiba. É importante o investimento em saúde na região metropolitana, até como forma de melhorar o atendimento em Curitiba. Na Unidade de Saúde 24 Horas da Boa Vista, por exemplo, cerca de 40% das pessoas atendidas não são de Curitiba, são moradoras de cidades vizinhas. Não podemos recusar atendimento, mas também não podemos sacrificar os curitibanos com a falta de investimento em outros municípios.

Quando se constrói um novo posto de saúde ou escola, por exemplo, já se calcula que parte desse serviço será usada por moradores de outras cidades?

A demanda por serviços públicos se manifesta mais claramente nas áreas de novas ocupações e nas áreas conurbadas. Em bairros tradicionais, os serviços já estão consolidados e atendem bem a demanda. Os nossos equipamentos públicos são projetados para a demanda existente nos limites de Curitiba, mas é claro que a sua utilização por moradores da área metropolitana acaba criando a necessidade de novos investimentos para continuar atendendo a população curitibana.

Técnicos da prefeitura de Curitiba têm ajudado, de forma gratuita, a desenvolver projetos em municípios da RMC. Como ajudar sem parecer paternalista? Além disso, que experiências, conhecimentos ou contribuições Curitiba pode aproveitar das cidades vizinhas?

Temos sido muito cooperativos na relação com os demais municípios. Um dos principais instrumentos que eu coloco à disposição dos municípios vizinhos é o Ippuc, que tem dado valiosas contribuições para o ordenamento urbano de Curitiba. A troca de experiências e informações tem mão dupla, isto é, no mesmo instante em que cooperamos com uma cidade, aprendemos um pouco mais sobre o problema apresentado e a solução encontrada.

De que forma, em sua opinião, um evento como o Fórum Futuro 10 Paraná pode contribuir para o desenvolvimento regional e do estado?

O fórum promoveu não apenas a construção de um profundo diagnóstico em todas as regiões por onde passou. Ele apontou também caminhos e soluções para estimular o desenvolvimento econômico e social. As conclusões certamente serão ferramentas importantes para orientar dirigentes públicos e privados nas decisões que teremos nos próximos anos. A iniciativa da RPC ao propor e organizar o fórum foi muito feliz, porque nunca se fez um trabalho tão amplo quanto este. Fiquei muito satisfeito em participar do fórum e poder comprovar o interesse das pessoas em contribuir para a melhoria das condições de vida na região metropolitana de Curitiba e no litoral.

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