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Foz do Iguaçu - Há cerca de três anos, a diarista Elza Pereira dos Reis sentiu a dor mais terrível que uma mãe pode sofrer: a perda de um filho assassinado. Na época, ele estava com 17 anos. Ontem, ela voltou ao Instituto Médico-Legal de Foz do Iguaçu pelo mesmo motivo.

Camila, a filha caçula de 13 anos, foi encontrada morta à beira de um rio que corta a cidade. A suspeita é que a menina tenha sido morta por causa de uma dívida com traficantes de droga.

"Assim como pensava que não passaria mais por isso, de alguma maneira eu já esperava que ela fosse embora assim", desabafou Elza, enquanto aguardava a liberação do corpo da filha. Ela conta que Camila era uma menina "terrível, que ninguém conseguia segurar". "Tive que sair de todos os empregos porque dia sim, dia não tinha alguém me ligando por causa da minha filha. Uma hora era o Conselho Tutelar, outra hora era a diretora da escola, avisando que ela tinha fugido. Tudo isso por causa da droga", relata a mãe. Camila abandonou os estudos no ano passado, quando ainda estava na 3ª série.

Perfil

Foz do Iguaçu é a cidade com o maior índice de homicídios entre jovens de 15 a 24 anos no país – a maioria do sexo masculino e com algum tipo de envolvimento em atividades ilícitas. Segundo o Mapa da Violência – Anatomia dos Homicídios no Brasil, do Instituto Sangari, a cidade tem uma taxa de 227,1 assassinatos juvenis para cada grupo de 100 mil habitantes. Só no último fim de semana quatro jovens com idades entre 15 e 20 anos foram mortos violentamente em Foz.

De acordo com o responsável pela Delegacia de Homicídios de Foz, delegado Marcos Araguari, a condição fronteiriça da cidade aproxima os jovens da criminalidade, deixando-os vulneráveis. "Eles são seduzidos pela promessa de dinheiro fácil e rápido. E onde existe essa facilidade vai ter também o acerto de contas", explica, ao destacar que 80% das vítimas de homicídios estão envolvidas com tráfico, contrabando ou assaltos. "Esse problema jamais terá uma solução mágica", diz.

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