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O cabeleireiro Ivaldo Lima raspa a cabeça todo dia: careca assumida depois do implante frustrado | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
O cabeleireiro Ivaldo Lima raspa a cabeça todo dia: careca assumida depois do implante frustrado| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Mentira ou verdade

Quando o assunto é cabelo, não faltam indicações para evitar a queda. Confira o que funciona:

Verdades:

• O uso de chapinhas e secadores constantemente pode enfraquecer os fios, além de tinturas e permanentes.

• O fumo e o estresse ajudam a aumentar a queda.

• Bonés e chapéus aquecem o couro cabeludo e aumentam a oleosidade.

• Alimentação adequada ajuda a manter um cabelo sempre bonito, pois ele é uma proteína.

Mitos:

• Xampus antiqueda controlam a calvície.

• Raspar a cabeça engrossa os fios.

• Misturar anticoncepcional no xampu fortifica o cabelo.

• Dormir com cabelo molhado provoca queda.

• Lavar o cabelo todo dia enfraquece os fios.

Manual de sobrevivência

O livro Guia de Sobrevivência do Careca – Tudo o que o pouca-telha precisa saber para enfrentar um cabeludo mundo cruel foi lançado neste ano no Brasil. De uma forma bem-humorada, o autor Tim Collins dá dicas para enfrentar a calvície. Ele faz um passeio pela História e mostra que a moda careca ou de vastas cabeleiras é uma questão cultural de cada época.

Collins resolveu escrever para motivar as pessoas a sentirem orgulho de si mesmas em uma época que se gastam rios de dinheiro com a aparência. Ele sugere que todos os homens raspem a cabeça quando calvície começar e dá uma série de dicas para resistir aos ataques carequistas. A primeira, é claro, é dar muita risada. A segunda é ficar em silêncio e evitar encorajar a carecofobia.

Apesar de o ditado popular afirmar que é dos carecas que elas gostam mais, muitos homens e mulheres buscam alternativas para fazer a cabeleira crescer. Pensando neles, um grupo de amigos de São Paulo resolveu criar um site na internet – o www.clubedoscarecas.com.br.

A idéia foi do corretor de imóveis Nelson Corban e de dois colegas, que, durante toda a juventude, sofreram com a calvície. Eles decidiram usar a internet para divulgar informações sobre tratamentos. "Hoje, o nosso site se transformou em um portal. Os internautas tiram dúvidas, informam-se sobre novidades. Mas também há piadas, charges e crônicas", diz. O site tem quase 8 mil associados no país inteiro.

Corban conta que o grupo passou por várias situações embaraçosas, mas hoje faz piada do assunto. "Tenho um amigo que só saía de boné. Uma vez ele foi a um bar com uma garota e teve de tirar o acessório. Cinco minutos depois a menina disse que iria ao banheiro e não voltou mais. Estamos esperando até hoje", brinca. Ele diz que alguns amigos já tentaram várias receitas caseiras, mas nenhuma funcionou. "Dos três fundadores do site, apenas um faz tratamento médico. Eu e o outro colega optamos pela careca."

O cabeleireiro Ivaldo de Lima já seguiu todas as dicas que os conhecidos e desconhecidos davam para tratar a calvície. "Fui da babosa ao implante", brinca. Nada adiantou, nem os remédios. O problema começou a aparecer perto dos 20 anos. "Foi chocante, pois já estava nesta profissão e achava uma incoerência cuidar do cabelo dos outros sem ter o meu." A última tentativa foi o implante. Sem atingir o resultado esperado, ele resolveu assumir a careca de vez e raspou os derradeiros fios. Hoje faz parte de sua rotina diária fazer barba, cabelo e bigode. Literalmente, pois o cabeleireiro raspa a cabeça todos os dias. "Um político me disse: ‘Pô cara, toda semana minha esposa vem aqui, eu te deixo um cheque gordo e você nem cabelo tem’", brinca.

O aposentado Arthur Miranda começou a perder o cabelo ainda na juventude. E como era o único calvo do pedaço, sua casa era conhecida como a "casa do careca". "O pessoal dizia ‘é lá perto da casa do careca", conta. Leleco, como também é conhecido, afirma que antigamente havia mais discriminação. Ele também tentou tudo para conter a queda, mas resolveu assumir os poucos fios. "E para quem tira sarro, eu respondo: para uns, Deus deu cabelo, para outros, inteligência".

Ex-cabeludo

O educador Cléber Cordeiro leva a calvície na brincadeira. Ele trabalha em uma ONG que atende 80 meninos. E a garotada faz piada de sua falta de cabelos. Com bom humor, Cordeiro lista alguns de seus principais apelidos: aeroporto de mosquito, capacete espacial, coquinho e Didi Mocó. "Os meninos acham mais graça ainda quando conto que, na idade deles, tinha os cabelos na altura do ombro", diz.

Para quem ainda acredita que existe solução mágica para o problema, o médico Valcenir Bedin, presidente da Sociedade Brasileira para Estudos do Cabelo, afirma que são poucos os tratamentos que realmente funcionam. "Há os de via oral, como a finasterida, e os tópicos, como o minoxidil. E também o transplante. Fora isso, não é recomendável". Bedin explica que a calvície é ocasionada por fatores genéticos. Contudo, alguns fatores podem acelerar o processo, como o cigarro e o estresse. O médico conta que alguns de seus pacientes já tomaram medidas hilárias para tentar impedir a queda dos cabelo, como plantar bananeira 10 minutos por dia para levar o sangue para a raiz na esperança de que nasçam alguns fios ou usar dois desentupidores de pia na cabeça durante o banho para estimular a circulação. "Tudo folclore", diz o médico.

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