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Curitiba – Lucas Figueiredo foi o primeiro repórter da grande imprensa brasileira a chegar em Maceió para cobrir o assassinato de Paulo César Farias e Suzana Marcolino. Lucas passou 40 dias em Maceió, conversando com familiares de PC e Suzana, amigos e seguranças que estavam na casa. Depois do crime, continuou a investigar o personagem Paulo César Farias e sua participação no esquema de corrupção do governo Collor. O trabalho como repórter resultou no livro Morcegos Negros – PC Farias, Collor, Máfias e a história que o Brasil não conheceu.

Para Figueiredo, desde o começo do caso houve uma opção pela não-investigação do crime por parte das autoridades de Alagoas. "Entender como e quem matou PC Farias ajudaria a descobrir quem tinha medo de Paulo César, do que ele poderia revelar. Até hoje não se sabe o que aconteceu com o dinheiro que foi desviado."

Qual sua visão a respeito da morte do Paulo César Farias?A Justiça deixou de ser feita desde o ponto zero do crime. A Polícia Civil e o Ministério Público de Alagoas trataram o caso com crime passional desde o começo. Isso inviabilizou qualquer investigação.

O poder constituído em Alagoas naquele momento não quis investigar. O PC e a Suzana morreram. Foi feita uma autópsia, depois foi o Badan Palhares, depois foi um terceiro grupo de peritos. Nesse terceiro exame foi provado cientificamente que era impossível Suzana ter matado PC Farias. Por causa da altura, pelo fato de que nas mãos da Suzana tinha pólvora, mas não tinha bário e antimônio que são os detonadores da espoleta.

Ela manuseou uma arma ou puseram uma arma na mão dela, mas ela não apertou o gatilho.

Qual seria o motivo para se matar PC Farias?Ele poderia falar e dava sinais disso. Ele estava há seis meses livre e mostrava ter saído diferente da cadeia. Por três motivos. Primeira coisa: assumiu um namoro com uma garota de programa em Maceió. Todo mundo da alta sociedade de Maceió sai com garotas de programa, mas o PC assumiu esse namoro. Levou ela no velório do pai. Segundo: ele tinha dito que estava escrevendo uma autobiografia. Disse isso para o jornalista Luís Costa Pinto. Que ia contar as memórias e tal. Terceira coisa: tinha decidido que o Augusto não ia sair deputado federal. Ia sair candidato a prefeito de Maceió e ele ia sair deputado federal. Imagina o PC com uma tribuna. Ela dava sinais de que ia falar. E começou a ficar inconveniente para uma organização criminosa.

Qual a importância de se desvendar a morte de PC Farias?Saber para onde foi seu dinheiro, o dinheiro que saiu do Estado. A justiça italiana encontrou relações entre mafiosos italianos e o PC Farias. Entre gente envolvida com tráfico de drogas e PC Farias. Havia uma estrutura do crime liderada pelo PC e a Justiça brasileira deu pouca importância para isso. Desconsiderou esses indícios.

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