A escultura que eternizou o momento vivido por Lucy.| Foto: Clarissa Grassi

Mais que um repositório para os restos mortais do ente querido, o túmulo muitas vezes se torna portador de um discurso construído pela memória e saudade. Não raro, principalmente nos cemitérios oitocentistas, jazigos foram transformados em memoriais onde o morto é o protagonista de um discurso visual repleto de significados. Sejam talhadas em mármore ou forjadas em bronze, as esculturas – nesse caso feitas sob medida – retratam o morto em um momento significativo de sua trajetória ou junto de objetos que caracterizam profissão e gostos pessoais.

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Os cemitérios paulistanos estão repletos desse tipo de arte. Imigrantes que vieram ao Brasil tentar uma nova vida e que aqui encontraram a prosperidade foram retratados em tamanho natural, muitas vezes figurando entre cenas bíblicas ou ladeados de relevos que recontam suas trajetórias. Já no Rio de Janeiro, o destaque é dado àqueles que amealharam títulos de nobreza, como viscondes, barões, marqueses entre outros. São bustos ou esculturas jacentes entre alegorias que lembram aos vivos a importância um dia conquistada pelo morto.

Mas não apenas de personalidades públicas são constituídos esses túmulos-memoriais. Há aqueles que trilharam um caminho silencioso em meio à multidão, anônimos agora notórios por sua presença perene nas necrópoles. No Cemitério Municipal São Francisco de Paula, em Curitiba, está o ferreiro Berti, retratado junto de seus instrumentos de trabalho, e o jovem Pierino Riva, cuja estátua, forjada na Itália, reitera seu gosto pela leitura, ao representá-lo segurando um livro.

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Já nas primeiras quadras do cemitério, uma escultura em mármore de Carrara perenizou uma breve, mas marcante história. Trata-se da menina Lucy, filha do imigrante alemão e comerciante Carlos Meissner e de sua esposa, Elisa. A história, passada entre as gerações da família Meissner, conta que seus pais ganharam mudas de flores vindas de Buenos Aires. Tão logo Elisa as recebeu, plantou-as no jardim. Lucy, encantada com o colorido das flores, decidiu colher todas, usando a barra de seu vestido para carregá-las. Entrou em casa correndo e foi mostrar aos pais o mais novo achado. Sua mãe, ao perceber a destruição do belo jardim, pensou em repreendê-la, mas diante da alegria e da inocência de Lucy, não teve coragem. O pai ria da travessura da filha.

Dias depois, Lucy adoeceu, morrendo vítima do crupe, em junho de 1895. A imagem da cena vivida pela menina, sua alegria e inocência, marcou profundamente seus pais. Em uma das viagens de negócio que fazia à Europa, para trazer produtos para a Casa da Louça, da qual era proprietário, Carlos foi à Itália e encomendou a escultura que figurava o momento vivido por Lucy. Diferentemente das famílias que encomendavam a feitura dos túmulos via catálogos ou diretamente dos artistas, decidiu ele mesmo trazer a escultura durante a viagem de navio.

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Para um desavisado, a escultura pode sugerir apenas a cena em que uma criança presta homenagem aos seus entes queridos. Para a família Meissner, representa uma história marcante, passada de pai para filho, ultrapassando já a terceira geração. As flores carregadas em seu vestido não deixam de sugerir o gesto da homenagem e da rememoração dos mortos. É possível encontrar réplicas de esculturas como a de Lucy em outros cemitérios, principalmente em países europeus, mas nenhuma outra representa uma história tão singela e marcante. Nenhuma outra é Lucy.

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Lista de falecimentos - 18/10/2015

Ary da Silva, 91 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Pedro da Silva e Ida da Silva. Sepultamento ontem.

Benedita da Conceição de Oliveira, 82 anos. Profissão: do lar. Filiação: Serafim Manoel da Conceição e Maria Rita da Silva. Sepultamento ontem.

Delfina dos Santos Ribeiro, 87 anos. Profissão: do lar. Filiação: Laurindo Silvério dos Santos e Norvina Antônia de Jesus. Sepultamento ontem.

Fábio Gregório Adriano, 84 anos. Profissão: carpinteiro. Filiação: Gregório Francisco Adriano e Herminegilda de Jesus. Sepultamento hoje, no Cemitério Parque Senhor do Bonfim, em São José dos Pinhais, saindo de local a ser designado.

Irene Rocha Leal, 83 anos. Profissão: do lar. Filiação: Alcebiades Rocha e Maria Alves Rocha. Sepultamento ontem.

Jorge Henrique da Silva Carneiro, 3 dias. Filiação: Jesue Moreira e Jociane Cristina da Silva. Sepultamento ontem.

José Adiel Aleluia, 61 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Orides Aleluia e Joaquina Aleluia. Sepultamento hoje, no Cemitério Vaticano, saindo da Capela Vaticano - Turquesa.

José Pereira, 82 anos. Profissão: carpinteiro. Filiação: Olímpio Manoel Pereira e Flauzina Rosaria de Jesus. Sepultamento hoje, no Cemitério Vaticano, saindo de residência.

Luiz Antônio Miranda, 44 anos. Profissão: auxiliar de serviços gerais. Filiação: Lino de Lima Miranda e Araci Carvalho de Lima. Sepultamento ontem.

Maria Aparecida da Conceição de Oliveira, 65 anos. Profissão: manicure. Filiação: Cândido Nunes de Azevedo e Ana Viana de Souza. Sepultamento ontem.

Maria Domingas dos Santos de Souza, 75 anos. Profissão: do lar. Filiação: José Benedito dos Santos e Inácia Maria de Jesus. Sepultamento ontem.

Maria de Lourdes Martins, 82 anos. Profissão: do lar. Filiação: Antônio Marchiorato e Ucilia Magro Marchiorato. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo de local a ser designado.

Mariana Marcelina de Melo Vaz, 88 anos. Profissão: zeladora. Filiação: José Bernardo de Melo e Sebastiana Marcolina de Lara. Sepultamento ontem.

Mário Cesino de Medeiros, 52 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Duarte Cesino de Medeiros e Delmira Medeiros. Sepultamento ontem.

Marli Almeida Ferreira, 47 anos. Profissão: doméstica. Filiação: Honorato Taborda Ferreira e Francisca Almeida Ferreira. Sepultamento ontem.

Mercedes Cardoso de Oliveira, 88 anos. Profissão: funcionário público municipal. Filiação: Elias Cardoso e Cerafina Cardeira. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, saindo da capela 01.

Milton Ricardo e Silva, 70 anos. Profissão: advogado. Filiação: Jonas Ricardo e Silva e Catarina Stonoga e Silva. Sepultamento ontem.

Mirian Teresa Souza, 73 anos. Profissão: do lar. Filiação: Alberto Mendes e Idalina de Oliveira Mendes. Sepultamento ontem.

Oliva Borato Mocelin, 90 anos. Profissão: do lar. Filiação: Ângelo Borato e Luíza Baldao Borato. Sepultamento ontem.

Oliva Frassetto Guinzani, 84 anos. Profissão: do lar. Filiação: Hermínio Frassetto e Margarida Bortolotto. Sepultamento ontem.

Orlando Erdmann, 78 anos. Profissão: agricultor. Filiação: Carlos Erdmann e Leontina Oliveira Erdmann. Sepultamento ontem.

Rafael Ferreira, 31 anos. Profissão: auxiliar de serviços gerais. Filiação: João Ferreira e Celeste de Azevedo Ferreira. Sepultamento quinta-feira, 17 de dezembro de 2015, em local a definir, saindo de Santa Felicidade.

Sophia Ribeiro de Lima, 1 mês. Filiação: Paulo Aparecido de Lima Júnior e Tatiane de Souza Ribeiro Pereira. Sepultamento ontem.

Tânia Mara de Oliveira, 52 anos. Profissão: do lar. Filiação: Sebastião de Carvalho e Madalena Fernandes Carvalho. Sepultamento ontem.

Zélia Hurman, 67 anos. Profissão: advogada. Filiação: João Hurman e Maria Pereira Hurman. Sepultamento ontem.