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Eles passam grande parte de suas vidas nas estradas e, por isso mesmo, sabem que o sul do Paraná era tomado por pinheiros e o Norte, por peroba. Coisas, segundo os caminhoneiros, que agora são apenas encontradas nos relatos de quem já andou muito pelas rodovias paranaenses. Henrique Simões de Freitas, há 28 anos motorista de caminhão, sabe dizer ao certo o que influenciou o desmatamento da vegetação nativa do estado. "O Norte Pioneiro tem muitos agricultores que praticam a queimada. Existem muitas lavouras nas margens dos rios, que acabaram com as árvores. Eles não dão um tempo para a terra", diz. A percepção de Freitas não é única. Outros 183 motoristas de caminhão entrevistados falam das mudanças gradativas que aconteceram nas matas repletas de araucária e de animais selvagens. Esses e outros relatos de um olhar itinerante foram reunidos no livro "Rios por onde passo", que será lançado hoje em Curitiba, no Espaço Krajcberg, no Jardim Botânico.

A organizadora do livro, Teresa Urban, conta que o objetivo do projeto é valorizar o que o Paraná tem em relação às paisagens naturais. "Os caminhoneiros possuem um olhar permanente dos lugares por onde passam e conseguem, gradativamente, analisar o que tem mudado nos últimos anos", explica.

"A Serra da Esperança melhorou muito nos últimos anos. Quando comecei a viajar ela estava descuidada. Mas agora tem até mirante", diz o motorista de caminhão Aldrin Dalazoni, que tem 10 anos de estrada. Para ele, outro lugar que mudou muito foi o Recanto dos Papagaios, no município de Palmeira. "Estava abandonado há pouco tempo atrás. Acredito que grande parte das melhorias se deve ao pedágio. Sei que é caro, mas com estradas mais seguras, até mesmo os caminhoneiros conseguem garantir a preservação da natureza. Isso porque eles evitam os acidentes com cargas perigosas que podem poluir os mananciais", comenta.

As plantações de pínus também aparecem como um aspecto negativo para o Paraná, que já tem a araucária na lista das espécies ameaçadas de extinção. "Bituruna, Cruz Machado e Pinhão eram regiões onde predominava a imbuia. Agora, a plantação de pínus tomou conta. É triste ver a substituição de uma árvore de madeira de lei por outra que só seca o solo", fala o caminhoneiro Antônio Josino, que tem 33 aos de profissão.

Além de um tópico exclusivo sobre devastação, o livro "Rios por onde passo" elenca os rios e as paisagens mais bonitas, sob o ponto de vista dos caminhoneiros, e fala ainda de lugares que precisam ser conhecidos para serem preservados. No ranking dos rios favoritos estão o Paraná, o Iguaçu e o Tibagi. Entre as paisagens que mais chamam a atenção estão a Serra do Mar, Vila Velha e o Parque Nacional do Iguaçu.

Serviço: a exposição itinerante "Rios por onde passo" está aberta hoje no Espaço Krajcberg, no Jardim Botânico, das 19h30 às 22 horas. Amanhã e quinta-feira vai estar no SEST/SENAT do Boqueirão. Do dia 3 a 7 de dezembro vai para o Sindicato dos Caminhoneiros (Sindicam), na CIC. Do dia 10 a 13 de dezembro estará no Pátio de Triagem do Porto de Paranaguá, encerrando o evento no dia 14 de dezembro, na Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina. A entrada é gratuita e todos os visitantes vão ganhar um exemplar do livro.

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