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Uma professora pergunta se o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa deixou nossa língua mais fácil.

Primeiro, dou meu testemunho. A significativa padronização no uso do hífen e a extinção do trema, em palavras portuguesas, me ajudaram. A queda de alguns acentos já está bem assimilada. Ademais, a profissão sempre me obrigou a consultar dicionários, gramáticas e, sim, colunistas em caso de dúvida. Eu me virava bem antes da reforma.

Nosso sistema de representação gráfica já era bom. Nossa ortografia é bem "racional" quando comparada à do inglês e à do francês, por exemplo. Ortografia é uma espécie de tecnologia que tenta representar visualmente, da melhor maneira possível, os sons de uma língua. E conhecer uma língua é muito mais que isso.

Não basta uma pessoa ser alfabetizada; ela precisa ser letrada. Em outras palavras, dominar a tecnologia de saber escrever e ler frases ou textos, repeti-los como um papagaio, não é o suficiente. É preciso entrar no mundo da escrita de forma criativa e crítica, e isso implica saber usar a língua em contextos específicos, inserir-se nesse mundo complexo, se jogar nele, dar respostas a ele. Em nosso país há pessoas superalfabetizadas, mas com baixíssimo letramento. Não erram na ortografia, mas não compreendem o que leem; não pesquisam; apenas repetem o que leram ou o que ouviram. Há mestres e doutores nesse time. O problema é generalizado.

Talvez nossa língua tenha ficado mais fácil no nível ortográfico, mas no geral continuamos na mesma. Nossa educação tem de melhorar muito, os professores precisam se qualificar ainda mais, ter um excelente plano de carreira. Tudo começa na base, lá nos primeiros anos de escola.

Se nossas escolas criarem condições efetivas de letramento, nosso sistema de escrita não criará obstáculos aos estudantes. Se criar, eles encontrarão a maneira correta de contorná-los.

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