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Uma pequena entrada, sem indicação, no quilômetro 66 da BR-376, na região metropolitana de Curitiba, leva a uma estrada de pedras, estreita e repleta de verde . Os 15 quilômetros a seguir pedem paciência do motorista, afinal, são cerca de 90 curvas que traçam o cenário natural até o encontro com um pequeno vilarejo. No caminho, plantações de banana chamam a atenção. Ao final da via, uma ponte pênsil de madeira é o único caminho para a outra margem. O Rio São João, que passa embaixo da ponte, divide os municípios de São José dos Pinhais e Guaratuba (litoral do estado). Em cada um dos lados, pequenas comunidades vivem satisfeitas com o bem-estar proporcionado pela natureza, quase intocada em meio a uma área de preservação ambiental.

Apesar de divididas pelo rio e pela distância entre suas residências, as 98 famílias que vivem em meio à Serra do Mar criaram fortes laços de amizade e dependência. Seja na Colônia Castelhano, pertencente a São José dos Pinhais, ou na Colônia Potreiro, que integra Guaratuba, os moradores vivem daquilo que plantam, principalmente da banana.

A tranqüilidade do lugar é algo que acalma e cativa. A paz proporcionada pela natureza exuberante da serra é o principal motivo que leva os moradores a estender sua permanência por lá e formar novas famílias. "Minha mãe já morava aqui. Aí eu conheci o meu marido, casei e decidimos ficar", conta a dona de casa Andreia da Silva, que vive há sete anos na Colônia Potreiro. "Gosto disso tudo. É calmo, bonito e seguro. Não tem muita novidade, mas também não tem o barulho e a violência da cidade", revela.

Opinião que predomina entre os moradores, seja qual for o lado. Há 44 anos morando em uma humilde residência, também na Colônia Potreiro, o casal de agricultores Lourival e Leonilda Moreira diz que não troca seus cachorros, sua plantação de bananas e sua criação com mais de cem galinhas por nenhuma oferta na cidade grande. "Aqui é muito gostoso. Tudo o que temos é natural, sem veneno algum", assegura Lourival. "Na cidade, mulher não pode sair sozinha na rua. Tem muito bandido e muita violência. Aqui tudo é bom. Só falta luz", lembra Leonilda.

A maior parte das residências no Castelhano, no entanto, tem luz e água encanada, puxadas pelos moradores de bicas da própria Serra do Mar. Do lado de Guaratuba, no entanto, luz e água ainda não chegaram a todas as casas. As 18 famílias que vivem na Colônia Potreiro dividem com os vizinhos do Castelhano os atendimentos no posto de saúde, que recebe médico apenas uma vez por semana, e na Escola Rural São Francisco de Assis, que possui 21 alunos. "As comunidades aqui são muito unidas. Todo mundo se conhece e se dá bem", afirma Andreia. Os domingos são de festa. "Nos reunimos para rezar, jogar bola, conversar, contar histórias e se divertir", lembra a dona de casa.

O lugar, que tem diversas cachoeiras, é também procurado por quem pretende apenas ter um recanto próprio para o descanso nos fins de semana. É o caso do comerciante aposentado Leôncio Benassi, que há quatro anos foi fazer um passeio pelo local e não resistiu. "Me encantei com tudo aqui e resolvi comprar uma chácara", afirma. Idéia copiada pela filha, que construiu uma casa ao lado da do pai. No jardim, o Rio São João corre ligeiro entre as pedras, pássaros e plantas. "Todos os nossos amigos querem vir para cá. A natureza é excepcional, o silêncio, uma terapia e o ar puro, uma bênção", resume.

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