Curitiba vai sediar em maio de 2016 a 22.ª Conferência Mundial de Promoção da Saúde. São esperadas cerca de 2,5 mil pessoas de todo o mundo para discutir ações que contribuem para a prevenção de doenças e mostram que saúde vai além do consultório médico. Em entrevista à Gazeta do Povo , a organizadora do evento, Simone Moysés, dá mais detalhes sobre o encontro. Especialista em saúde coletiva, a professora da PUCPR e servidora da Secretaria de Saúde de Curitiba, também apresenta um panorama sobre o conceito de cidades saudáveis e como essa ideia avançou ao longo das décadas pelo mundo.Confira:
Quando se fala em cidades saudáveis, o que queremos dizer?
Esse conceito começou a ter ampliação mundial a partir dos anos 1990, com a criação de redes de cidades saudáveis. A ideia é que aquilo que acontece no espaço que as pessoas vivem tem influência sobre a saúde e qualidade de vida delas. Então, cidade saudável é aquela que desenvolve políticas públicas que estejam vinculadas aos determinantes principais de saúde e doença, entendendo que esses determinantes não são só biológicos.
Como esse conceito foi absorvido por Curitiba?
Apesar de não ter formalmente entrado em alguma rede nesse campo das cidades saudáveis, Curitiba já vinha desenvolvendo esse conceito. Nos anos 2000, teve uma grande modificação da gestão municipal, com a criação de programas intersetoriais chave, dentro desse conceito de trabalhar com políticas públicas integradas e analisar o impacto que isso tinha sobre a vida das pessoas, a qualidade de vida e a saúde.
Evento
De 22 a 26 de maio de 2016 na ExpoUnimed, em Curitiba.
Para inscrição e mais informações, acesse: www.iuhpeconference2016.com
E no Brasil, como esse conceito foi absorvido?
O Ministério da Saúde até tentou em alguns momentos implementar redes de cidades saudáveis, mas por mudanças de gestão no próprio ministério, isso acabou não avançando. No entanto, vários movimentos fortaleceram essa ideia de construção de políticas públicas integradas no espaço das cidades e isso foi reforçado quando, em 2006, a pasta lançou a Política Nacional de Promoção em Saúde, adotada como diretriz, com a perspectiva de influenciar estratégias de promoção em saúde no Brasil. Dentro dessas estratégias, estava a questão da ação intersetorial e construção de políticas públicas saudáveis e integradas, dentro da própria política nacional. No ano passado, participei de uma revisão desse plano, em que se discutiu ainda mais fortemente essa ideia. Foi colocado muito claramente a importância de analisar o espaço onde as pessoas vivem, desenvolver políticas intersetoriais e integradas, não só no setor saúde e que não sejam só ações de assistências à saude, mas que coloquem na pauta que todas as políticas que são produzidas nesse espaço da cidade avaliem qual será o impacto na saúde. Hoje, internacionalmente, vem se avançando nessa linha de discussão também, de um movimento de saúde em todas as políticas. Isso vem sendo discutido pela própria OMS. Podemos até considerar isso como um desdobramento desse movimento de cidades saudáveis.
Curitiba vai sediar no ano que vem a Conferência Mundial de Promoção da Saúde. Esse tema também estará no evento?
O temário central da conferência será “Promovendo saúde e equidade”. E aí entram temas que incluem desde a questão dos movimentos urbanos, de ações intersetoriais em saúde, a à ética e cultura na promoção de saúde. É importante destacar que a gente pretende ter um documento do legado da conferência, que tem o objetivo de apoiar o processo de construção de práticas de promoção da saúde.
Você falou do tema central tratará de equidade. Poderia explicar um pouco mais?
A ideia de vincular a discussão de saúde com a equididade existe porque o que se considera atualmente é que a gente não pode ter como promover a saúde e a qualidade de vida numa perspectiva de iniquidade.
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