• Carregando...
O Lar André Valério Corrêa tem capacidade para receber até 33 crianças | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
O Lar André Valério Corrêa tem capacidade para receber até 33 crianças| Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

Um acidente automobilístico, em 1995, e a inauguração de um abrigo para crianças, em 2008. Aparentemente, não há relação lógica entre os dois fatos. Mas o Lar André Valério Corrêa, da Fundação Bertoncello, é um exemplo de como traumas improváveis e inesperados de uma família podem se tornar o início de uma jornada de superação, focada na solidariedade.

Aos 24 anos, André Valério Corrêa faleceu em um acidente de trânsito. "Ele gostava muito dos idosos. Sempre que possível parava para ajudar ou comprava coisas para quem via na rua", conta Maria Elizabeth Valério Corrêa, a Beth, mãe de André. Além dos idosos, o rapaz tinha uma paixão pela chácara da família, localizada em um espaço bucólico de Colombo, na região metropolitana de Curitiba. "Um dia ele me disse: ‘Pai, essa terra não tem dinheiro que pague!", afirma Marco Antônio Corrêa.

Em 1996, após visitar Chico Xavier e suas obras de caridade, o casal decidiu ceder um pedaço de sua chácara para a construção de uma espécie de asilo para idosos. "Nós iríamos juntar duas de suas paixões: os velhinhos e a nossa terra", explica Beth. Com o pagamento de uma parcela da indenização pelo acidente, a família Corrêa construiu a estrutura inicial para o local: um espaço com cozinha, lavanderia, banheiro e uma sala, que serviriam de ponto de encontro para os 24 idosos que viveriam em pequenas casas ao redor.

Mas, em 1999, o inesperado resolveu visitar a família Corrêa novamente. A outra filha do casal viajou para os Estados Unidos para se casar com um americano. "Com a viagem dela, parecia que a nossa força havia se esgotado. Abandonamos o projeto", diz Beth.

Felizmente, os Corrêa conheceram Sílvia Figueiredo Porres e a família de Francisco Bertoncello, que, abalada com a morte do patrono, pensava, da mesma maneira, em criar a um espaço de solidariedade, com uma diferença: em vez de asilo, um abrigo para crianças.

Com esse propósito, em 2000, surge a Fundação Bertoncello, tendo como espaço o terreno da chácara de Marco Antônio e Beth, repassada à entidade em comodato por 99 anos. Dois anos depois, resolvida a questão da legalização da Fundação e com os alvarás em mãos, inicia-se a construção das outras partes do abrigo, contando com uma série de eventos beneficentes para angariar fundos. "Nós construíamos na medida em que ganhávamos dinheiro: quando acabava, a obra parava", conta Sílvia Porres, atualmente secretária da Fundação.

Em outubro de 2007, o engenheiro responsável pela obra entregou a chave do orfanato. Com mais eventos beneficentes e doações, a mobília, hoje, já preenche praticamente todos os cantos do abrigo. E o Lar André Valério Corrêa está pronto para receber as 33 crianças, que darão vida à estrutura construída: lactário, fraldário, berçário, quartos femininos, quartos maculinos, sala para computador (ainda sem os eletrônicos), parquinho, horta. "Nós queríamos inaugurar o quanto antes, mas esbarramos nos detalhes. Agora, com todas as pessoas contratadas, estamos aptos a receber as crianças", diz Sílvia.

Treze anos depois, o desejo de Marco Antônio Corrêa será realizado: "Queria ver essa casa cheia de crianças, correndo para lá e para cá!" Na largada, o espaço tem verba para se sustentar por quatro ou cinco meses. A esperança é contar com a participação da sociedade para que o legado de solidariedade continue ecoando.

Serviço

O Lar André Valério Corrêa precisa de doações e da parceria de empresários dispostos a participar do projeto. Mais informações pelo telefone (41) 3656-7575.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]