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Monteiro Lobato: polêmica sobre termos supostamente racistas | Reprodução
Monteiro Lobato: polêmica sobre termos supostamente racistas| Foto: Reprodução

Alerta

Projeto Águas do Amanhã já havia revelado poluição no Alto Iguaçu

Em abril do ano passado, a Gazeta do Povo publicou o projeto Águas do Amanhã, que contou com extenso levantamento de dados de órgãos públicos e com uma expedição realizada por técnicos da UFPR e jornalistas da Gazeta do Povo e da RPCTV para coletar amostras e medir índices de poluição em tempo real.

No relatório gerado pelo projeto, a equipe constatou que eram coletados apenas 72% do esgoto dos 18 municípios da bacia do Alto Iguaçu – cuja população ultrapassa a casa dos 2,7 milhões de habitantes. Algumas dessas cidades tinham índices alarmantes, como as de menor porte Contenda, que tinha 0% de esgoto coletado, e Mandirituba (8%), e as populosas Almirante Tamandaré, cuja coleta atingia apenas 16%, e São José dos Pinhais (56%).

O projeto também mostrou que os índices de poluição encontrados no Rio Iguaçu, que termina no Rio Paraná, formando as Cataratas do Iguaçu, no município batizado em homenagem ao leito, são maiores na RMC. O oxigênio dissolvido na água era consideravelmente menor na bacia que banha essas 18 cidades – chegando a 2,12 miligramas, índice muito abaixo do mínimo para garantir a sobrevivência da fauna aquática (entre 5 e 8).

Curso

PUCPR realiza seminário sobre revitalização de rios urbanos

O programa de pós-graduação em Gestão Urbana e o curso de graduação em Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) realizam, entre 23 e 25 de outubro, o 2º Seminário Internacional de Sustentabilidade Urbana com foco na revitalização de rios urbanos.

O Rio Belém será um dos focos do seminário e tema de, pelo menos, duas das mais de 20 palestras previstas para o encontro. Afluente do Rio Iguaçu, o leito foi palco de uma das denúncias feitas contra a Sanepar pela Polícia Federal, que apontou índices de poluentes acima do recomendável saindo da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Belém.

O seminário contará ainda com palestras de técnicos do Ibama, órgão que auxiliou a PF durante as investigações, e da própria Sanepar. As inscrições deverão ser realizadas no site www.pucpr.br/extensao. O custo para o público geral é de R$ 80 e estudantes, de qualquer instituição, pagam R$ 30.

Contenda

tinha 0% do esgoto coletado, segundo relatório do projeto Águas do Amanhã. Mandirituba tinha 8%, e as populosas Almirante Tamandaré e São José dos Pinhais contavam com 16% e 56% do esgoto coletado.

O Rio Iguaçu, o maior do Pa­raná, é considerado o segundo mais poluído do país – atrás apenas do paulistano Rio Tietê. Os baixos níveis de qualidade da água do rio estiveram no centro das denúncias feitas pela Polícia Federal em relação à Sanepar na semana passada. A poluição, de acordo com especialistas, está concentrada na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e é fruto da captação e do tratamento deficientes do esgoto, situação agravada pela negligência de municípios da região e da própria população.

A poluição no Rio Iguaçu é histórica, mas foi a partir da década de 1970, com o adensamento das cidades, que ela ganhou maiores proporções. Hoje, segundo o engenheiro civil Carlos Mello Garcias, todos os rios que formam a RMC estão comprometidos.

"Além do Iguaçu, o Atuba, o Belém e até o Rio Palmital, até pouco tempo preservado, estão poluídos. A qualidade das águas do Barigui também está cada vez mais comprometida. Os mais limpos são o Passaúna e o Pe­queno, que vem de São José dos Pinhais", explica Garcias, que é professor do curso de Engenharia Ambiental e do programa de mestrado e doutorado em Gestão Urbana da PUCPR.

Com boa parte dos seus afluentes comprometida, sobra para o Rio Iguaçu, que nasce em Curitiba do encontro dos rios Iraí e Atuba, a poluição que atinge níveis alarmantes. Na última quinta-feira, Antônio Hallage, diretor presidente em exercício da Sanepar, havia dito que a Sanepar não seria responsável pelos níveis de poluição encontrados no rio e citou que o leito recebe material proveniente de indústrias, agricultura, pecuária, suinocultura e ligações irregulares de esgoto.

Sem responsabilizar a Sa­nepar, especialistas divergem do diretor da companhia. "As atividades agrícolas na RMC não são as mais significativas e o setor industrial tende a ser mais regulamentado e fiscalizado", diz o químico Marco Tadeu Grassi, coordenador do grupo de Química Ambiental da Universidade Fe­deral do Paraná (UFPR).

Posição endossada por Garcias. "As indústrias não podem ser consideradas vilãs, porque são fiscalizadas e não conheço nenhum caso de ligação direta ao rio."

Já a jornalista e ambientalista Teresa Urban ressalta a responsabilidade de municípios e da própria população no processo de degradação do rio. "A responsabilidade legal pela questão do esgoto é dos municípios, que não podem simplesmente delegar a questão. Eles precisam ter uma política de saneamento com um plano, incluindo o cidadão como parte do sistema", diz Teresa, que é autora, entre outros livros, de Missão (Quase) Impossível: aventuras e desventuras do movimento ambientalista no Brasil.

Além da importância econômica do rio, que é fonte de irrigação de áreas agricultáveis e fornece energia elétrica para parte da população do estado, o Iguaçu também é símbolo histórico do Paraná como elemento de integração, fato levantado por Teresa para cobrar ações mais efetivas em torno do rio. "Perder a memória do significado do rio é perigoso, porque vamos perdendo as raízes. O Iguaçu é tão espantoso que, mesmo com toda a pressão que sofre, acaba terminando em um show nas cataratas."

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