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Taxista depilou o corpo inteiro e fez uma tatuagem para ganhar o fusca | Gazeta do Povo
Taxista depilou o corpo inteiro e fez uma tatuagem para ganhar o fusca| Foto: Gazeta do Povo

Brasília – Abatido depois de seis audiências no Congresso, não se contendo e chegando às lágrimas em duas delas, o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho, disse que o Brasil vai ter de começar "praticamente do zero" o trabalho de reconstituição da confiança institucional que o país tinha em matéria de coleta e controle de informações sobre desastres aéreos, como os dados das gravações das caixas pretas. Os dados das caixas do avião da TAM, que explodiu e matou 1999 pessoas, no dia 17 de julho, foram amplamente divulgados na mídia, o que contraria a Convenção de Chicago.

Kersul não vê problema no fato de o país, eventualmente, decidir fazer uma lei para permitir essa divulgação. Nesse caso, diz ele que se adotem as regras, deixando claro que serão revogados os acordos assinados até hoje. Sobre o resgate das vítimas da Gol e as suspeitas levantadas pelas famílias, Kersul diz: "A verdade aparecerá".

Os senhores se consideram injustiçados?

Poucos reconheceram o que foi feito. A verdade virá à tona. Se houve algum desvio, seremos os primeiros a brigar para que tudo seja investigado, mas com provas.

Por que o sr. foi contra divulgar as gravações do acidente da TAM?

Está tudo previsto na Convenção de Chicago. O Brasil precisa definir o que vai prevalecer e assumir as conseqüências.

E quais são as conseqüências?

Hoje, as tripulações estão se recusando a preencher os relatórios de perigo, de prevenção, porque não sabem como aquilo será utilizado.

O que fazer?

O Brasil precisa definir o que fazer e como usar e proteger essas informações. Hoje, elas são do conhecimento público e são usadas para outros fins, que não o da prevenção. São usadas, indevidamente, para incriminação, para responsabilidade penal. E não foram criadas para isso.

As tripulações não estão preenchendo nem os relatórios sigilosos, que não têm identificação?

Também não porque, embora seja sigiloso, se alguém quiser pegar e ir a fundo nos dados, cruzando informações, é capaz de chegar em quem o preencheu. Então, por mais cuidado que se tenha para guardar corretamente no Cenipa, pode chegar uma ordem judicial para que sejam recolhidos os documentos. Perdeu-se a confiança em um órgão que demorou 36 anos para se firmar como respeitado, não só no Brasil, como no exterior.

O senhor está pedindo que o Congresso legisle sobre isso?

Não estou pedindo nada não. Estou mostrando um fato. Acho que o Legislativo é o mais indicado pra isso. Do jeito que está não tem como as companhias obrigarem os pilotos a preencher relatórios que possam ser usados contra eles. Todos sabem da importância de descrever um erro próprio para evitar que o companheiro repita esse erro. É uma filosofia perdida, que vai ser preciso recomeçar praticamente da estaca zero.

Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

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