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Veja os tipos tipos de violência que são praticados contra os idosos |
Veja os tipos tipos de violência que são praticados contra os idosos| Foto:

Idosos distribuem panfletos no centro da cidade

Resgatar valores familiares e fortalecer a rede de proteção e atenção para conter a violência contra o idoso foram as alternativas apontadas durante a mobilização de entidades de defesa dos direitos dos idosos, reunidas ontem em Curitiba.

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Transporte público é enfoque de campanha

Uso indevido do assento preferencial, problemas com a gratuidade na passagem, impaciência do motorista no embarque e desembarque de idosos são algumas das queixas frequentes registradas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa em relação ao uso do transporte público.

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Estresse e irritação podem gerar conflito

Nem sempre a violência cometida por familiares contra idosos é intencional. A impaciência, o estresse e a irritação que dominam aqueles que cuidam dos velhinhos acabam desencadeando atitudes condenáveis. "Isso acaba levando, muitas vezes, a violências involuntárias", afirma a psicóloga gerontóloga Laura Machado.

Para evitar que o cuidado chegue ao patamar da violência – seja ela verbal, psicológica ou física –, a especialista aconselha repartir responsabilidades entre algumas pessoas. "Enquanto um filho cuida dentro de casa, outra pessoa se encarrega de administrar o di­­nheiro", sugere.

Com o objetivo de minimizar o estresse, Laura lembra que uma pessoa não pode ficar o dia todo do lado do idoso, atendendo suas vontades. "É preciso ter um período de férias e atividades fora de casa para manter a saúde mental e a paciência", diz.

Jorge Olavo

A opressão domiciliar contra idosos está quase no mesmo patamar da violência a que essas pessoas estão submetidas nas ruas. Praticamente um terço da terceira idade do Sul do Brasil já foi vítima de algum tipo de delito – 43% dos idosos foram agredidos dentro de casa. Os dados fazem parte de uma pesquisa coordenada pelo coronel Roberson Luiz Bondaruk, da Polícia Militar do Paraná, com cerca de 3 mil idosos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. "A violência que acontece dentro de casa está superando a violência das ruas", afirma.

O estudo foi divulgado ontem, no Dia Mundial de Cons­cien­tização da Violência contra a Pessoa Idosa. Entre os crimes recorrentes estão roubo, perturbação do sossego, invasão de domicílio e maus-tratos. Segun­do a pesquisa, 18% dos atos violentos são cometidos por pessoas conhecidas. "Nestes casos, os maiores opressores são os familiares", complementa Bonda­ruk. Especialistas avaliam que os resultados regionais obtidos vão em direção ao mesmo cenário traçado em pesquisas internacionais.

"São muitos idosos sofrendo. Infelizmente, a situação de violência dentro da família é uma realidade", comenta a coordenadora do Disque-Idoso Paraná, Dulce Darolt. Neste ano, o serviço de atendimento já recebeu 780 denúncias de maus-tratos, a maioria cometida por parentes. Foram 1,7 mil chamadas no ano passado. "O Disque-Idoso é a ponta do iceberg. O que chega a nós é apenas uma parcela do que acontece nos municípios. Muitas denúncias não chegam a nós", conta Dulce. No balanço feito, 27,5% dos casos envolvem negligência e abandono, 17% de agressões verbais e psicológicas e 16% de apropriação indébita de aposentadorias e outros bens.

As principais vítimas são mulheres idosas, acima de 75 anos. "Nessa idade, a maioria das mulheres encontra-se em um estado de saúde frágil, dependente de quem cuida", conta a psicóloga gerontóloga Laura Machado. A fragilidade deixa essas pessoas mais vulneráveis a violências físicas, emocionais ou financeiras. O estudo apresentado ontem também indica quais são os principais motivos de insegurança para os idosos. O abandono por parte de familiares li­­dera o ranking (27%), seguido pela falta de policiamento (25%) e pela impunidade (19%).

"Os idosos sofrem a violência em silêncio. Na maioria das vezes, apesar do sofrimento injusto e violento, a pessoa idosa acaba não denunciando por compaixão (ao familiar)", avalia Bondaruk.

Uma senhora de 80 anos, moradora de Paranaguá, no litoral paranaense, vivia uma situação semelhante a essa. Ela era trancada em casa, enquanto o filho saía para gastar cerca de R$ 1,5 mil que a mãe recebia todos os meses. Nada era comprado para ela. A senhora dormia em um sofá de dois lugares; já o filho ficava com a única cama da casa. Comida fresca não tinha. Apesar de elogiar o filho e dizer que não era maltratada, o Ministério Público determinou que a mulher fosse encaminhada para a casa de uma filha.

Especialistas acreditam que esse panorama é um problema cultural. Para contornar essa situação, a gerontóloga Schirley Follador Scremin, ex-presidente do Conselho Estadual dos Idosos, defende a criação de instituições e projetos que venham a conscientizar toda a população para se ter um envelhecimento de qualidade. "As pessoas precisam ser capacitadas para atender os idosos", afirma. Ela explica que há situações em que a família gera atritos e incômodos por desconhecer o problema enfrentado pelo idoso.

Crime

Quem submete idosos a qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão está sujeito a punições previstas pelo Estatuto do Idoso, que variam de reclusões de um mês (humilhar, desdenhar ou menosprezar idosos) a quatro anos (desviar ou apropriar-se de bens ou rendimentos dos idosos), além de multa.

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