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O início do século XX encontrou os EUA na condição de executores de uma política abertamente imperialista, na qual a imposição dos interesses econômicos norte-americanos era amplamente respaldada pela força das suas armas. Era a época da política do "Big Stick", sintetizada pelo presidente Theodore Roosevelt na célebre frase "Se você quer ser ouvido fale baixo, mas use um porrete grosso".

Essa atitude abertamente agressiva e imperialista foi mantida até a ascensão ao poder do regime nazista de Adolf Hitler (1933–1945) e o início da tentativa de conquista da China pelo Japão a partir de 1931. A necessidade de forjar uma unidade hemisférica para combater as ameaças japonesa e alemã levou a uma drástica reorientação na política dos EUA, que a partir daí se baseou na cooperação e na afirmação dos laços de amizade, no que se tornou conhecido como a "política da boa vizinhança".

Guerra Fria

No quadro da confrontação entre EUA e URSS, que ficou conhecida como a "Guerra Fria", predominaram iniciativas destinadas a apoiar governos, inclusive os mais autoritários e repressivos, desde que estivessem alinhados aos EUA na contenção do comunismo e do socialismo. Surgiram então com o apoio dos norte-americanos várias ditaduras militares que perduraram até a década de 1980.

Com o fim da "Guerra Fria" e o início da "Guerra do Terror" o interesse de Washington pela América Latina declinou bastante. Parecia aos norte-americanos que bastava deixar os princípios da livre iniciativa e da economia de mercado se imporem por si em todo continente. As questões afetas à indústria petrolífera e à geopolítica do Oriente Médio e da Ásia Central absorveram a partir daí todas as atenções de Washington.

Revisão

Apenas agora esta política começa a ser revista. A bem-sucedida moratória da dívida argentina pelo governo Kirchner, os programas nacionalistas da Venezuela de Chávez e da Bolívia de Morales são sinais do declínio da influência política e diplomática dos EUA na América Latina. Acredito que não será com um limitado conjunto de visitas aos países onde ainda conta com algum apoio que o presidente Bush irá reverter esse quadro. É urgente o reestabelecimento de um amplo programa de cooperação e amizade para que a influência dos EUA na região seja restabelecida em algo próximo dos seus antigos termos.

Dennison de Oliveira é mestre em Ciência Política, doutor em Ciências Sociais pela Unicamp e professor do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná.

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