O abate sanitário nas sete fazendas em que o Ministério da Agricultura (Mapa) confirmou focos de febre aftosa deve começar na segunda-feira, dia 27, informou nesta quinta-feira à noite o secretário estadual de Agricultura, Orlando Pessuti. O fim da crise iniciada há 125 dias ficou mais próximo com o anúncio de duas decisões: os pecuaristas de seis propriedades concordaram em não recorrer à Justiça para impedir o sacrifício de seus rebanhos e o governador Roberto Requião autorizou a liberação de R$ 786 mil para o pagamento do abate de cerca de 6 mil animais.
"O governador entendeu que todos estão empenhados em ajudar, que há boa vontade de todos os lados para encerrar essa crise", disse Pessuti. Na véspera, Requião havia negado a liberação de R$ 300 mil para a compra de materiais, aluguel de máquinas e pagamento de mão-de-obra necessários ao abate dos animais da Fazenda Cachoeira, a primeira declarada foco de aftosa.
O governo do estado rejeita a existência da doença no estado e vinha insistindo para que o Mapa revisse a posição. "Mas o ministério não vai voltar atrás e nós temos que resolver esse problema o mais rápido possível", disse Pessuti. O secretário também afirmou que o advogado da Fazenda Cachoeira se comprometeu a pedir à Justiça a dispensa do depósito prévio da indenização obtido em decisão liminar "para não retardar o processo".
Cálculos da Seab
Nos cálculos feitos nesta quinta pela Seab, são necessários R$ 1,1 milhão para abater o rebanho das sete fazendas, mas o valor cai para R$ 786 mil com a parceria obtida junto às prefeituras, produtores e universidades da região. Pessuti espera que a economia para o orçamento da Seab seja ainda maior se outras parcerias forem confirmadas nesta sexta.
Cerca de R$ 300 mil cobrirão os custos das máquinas que abrirão as valas em que os animais serão enterrados. Outros R$ 400 mil vão pagar as mantas impermeabilizantes que protegerão o solo. A necropsia de 1% do rebanho de cada fazenda será feita pelos veterinários do estado e do ministério. Os materiais coletados serão enviados ao Centro Pan-Americano de Aftosa (Panaftosa), para novos exames. Com isso, caso mais uma vez o vírus não seja isolado, os produtores esperam respaldar futuras ações de indenização contra o Mapa.
As máquinas para a abertura das valas devem ser contratadas nesta sexta por carta-convite e as licenças ambientais são esperadas para sábado. Se o trabalho começar na segunda, deve terminar apenas no fim da semana. Só na Fazenda Cachoeira, serão necessárias 300 horas-máquina para abrir a vala.
A Comissão de Avaliação e Sacrifício ainda estuda substituir a técnica da degola com anestesia pelo abate por tiro, para evitar que as valas se transformem em grandes piscinas de sangue.
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