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Cuiabá – Suposto elo do PSDB com os sanguessugas, o empresário Abel Pereira afirmou ontem à Polícia Federal que os Vedoin – mentores da máfia das ambulâncias superfaturadas – lhe ofereceram "documentos" para prejudicar a candidatura de Aloízio Mercadante, do PT, ao governo de São Paulo. A reunião com Luiz Antônio Vedoin, disse Abel, ocorreu em um restaurante do Shopping Iguatemi, em São Paulo, em agosto.

Empreiteiro e fazendeiro, Abel Pereira reside em Piracicaba (SP) e é amigo de Barjas Negri, prefeito da cidade e ex-ministro da Saúde do governo Fernando Henrique, em 2002. Nessa época, Abel teria facilitado a liberação de recursos extra-orçamentários da União para a compra de 681 ambulâncias do Grupo Planam, dos Vedoin. Por sua atuação como lobista, Abel teria cobrado 6, 5% de propina por negócio realizado.

No depoimento, Abel tentou tirar o PSDB do foco e apontou para Mercadante. "Vedoin (Luiz Antônio) queria que eu o ajudasse a ter acesso à alta cúpula do PSDB. Ele disse que tinha documentos contra Mercadante e provas com força suficiente para influir na eleição de qualquer estado", disse. Abel afirmou que não viu os papéis que poderiam envolver Mercadante com os sanguessugas. "Não tive interesse nos documentos e disse a ele (Luiz Antônio) que não tinha como infiltrá-lo na direção do PSDB porque não sou do partido, não sou filiado a partido nenhum."

O empreiteiro concedeu entrevista depois da audiência. Caiu em contradições, foi evasivo e tentou dissimular suas ligações com os Vedoin, que são antigas. Também não deixou claro os motivos que o levaram a ter outros dois encontros com os Vedoin, em Cuiabá. Se não tinha interesse na papelada anti-Mercadante e nem como apresentar o chefe da máfia ao PSDB, por que voltou a se reunir com Luiz Antônio? "Tive que vir porque tenho fazendas em Mato Grosso. Aí acabei marcando com ele."

Ele reuniu-se com Vedoin em um escritório dia 24 de agosto e percebeu que estava sendo filmado. "Acho que queriam fazer uma armação pra cima de mim. Verifiquei que o pessoal do PT estava aqui em Mato Grosso", disse Abel. O petista Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil e protagonista da farsa do dossiê, havia chegado a Cuiabá por aqueles dias.

Os advogados de Abel, Eduardo Silveira Mello Rodrigues e Sérgio Pannunzio, acusam Vedoin de tentar aplicar um golpe de estelionato.

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