
A Linha Verde trouxe avanços na acessibilidade, mas ainda há falhas. Quem aponta os erros e acertos é o arquiteto Ricardo Tempel Mesquita, autor de cartilhas sobre o tema e inspetor do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR).
Mesquita acompanhou a reportagem em uma visita à Linha Verde e indicou o que considera os principais acertos: travessias em nível; guias rebaixadas para cadeirantes; pista tátil cromodiferenciada (com cores diferentes, para pessoas com deficiência visual leve); piso antiderrapante, de concreto betuminoso ou blocos de concreto intertravados; iluminação adequada para pedestres; rampas com inclinação máxima de 7% para cadeirantes; e catracas especiais para deficientes e pessoas com locomoção reduzida.
Apesar dos acertos, Mesquita avalia que ainda é preciso avançar. Mesmo porque algumas das iniciativas adotadas foram implantadas, segundo ele, de maneira errada. Um exemplo são as guias rebaixadas na esquina com a Rua Antonio Bariquello: elas não estão de frente uma para a outra. "Se um cego passar por uma dessas guias e seguir em linha reta, vai parar no meio da rua", afirma Mesquita. Outro problema foi detectado na inclinação de uma rampa que leva a uma guia rebaixada, na altura da Rua Leonel França. "Tem cerca de 40% de inclinação. Uma cadeira de rodas que pegar uma inclinação como essa vai parar no meio da rua. E um cadeirante não consegue subir para chegar sozinho à estação."
Entre os pontos negativos estão a ausência de sinalização sonora nos semáforos, descontinuidade da ciclovia (em certos trechos ela fica no canteiro central, em outro está na lateral), faixa conjunta para pedestres e ciclistas e ausência de tachões ou lombadas, que obriguem os motoristas a reduzir a velocidade.
A arquiteta Maria Miranda, do setor de Planejamento do Ippuc, avalia que, no caso da rampa, que não é usada apenas por cadeirantes, o ideal talvez fosse não fazer a guia rebaixada. Com relação às guias, segundo ela ainda há uma dificuldade de alinhamento, devido às características de cada calçada. "Estamos em processo de transição, antes ninguém se preocupava com esse assunto [acessibilidade]. Ainda temos um passivo, todas as cidades foram construídas sem esse pensamento."




