O tenente-coronel Salvador Madia, ex-comandante da Rota, que esteve diante do 1º Batalhão de Choque da PM entre 2011 e 2012 durante a última crise de segurança em São Paulo, sentou nesta quinta-feira, 01, no banco dos réus no julgamento de 25 policiais do caso Carandiru. Em depoimento de seis horas, ele evitou detalhar a invasão do 2º andar do Pavilhão 9, em outubro de 1992, e culpou o tempo pela falta de memória. "Depois de 21 anos fica difícil de recordar todos os detalhes."

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O juiz Rodrigo Tellini pediu para que o réu reconstituísse a operação apontando com o dedo para uma planta do 2.º andar que era projetada no auditório. Madia preferiu não indicar onde ocorreram os confrontos e o local que os policiais se feriram.

O réu fez um desabafo contra o preconceito com PMs. "O senhor pensa que não me choquei com aquela foto de um mar de mortos? O senhor acha que eu voltei para casa e tomei um copo de sangue? Pensam que não somos gente, que perseguimos pretos e pobres", disse ao juiz, apontando os réus.

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Madia foi o único oficial, dos cinco réus que se dispuseram a falar no júri, a assumir a responsabilidade pelos subordinados. "Eu entrei (no Carandiru) e não neguei. Não fujo da responsabilidade de eles terem entrado. Eu sei que nós não fizemos (o massacre)."Contradições

A promotoria encontrou contradições entre o relato do tenente-coronel nesta quinta-feira e os que ele havia dado à Justiça Militar e no inquérito. Diante dos jurados, Madia disse que não havia visto homens nus na Casa de Detenção.

A defesa explorou os riscos enfrentados pelos profissionais da Rota, como a falta de segurança pessoal, as ameaças de morte e a distância da família. Madia ainda retomou a questão do preconceito contra Pms.

Nesta sexta-feira, 02, começa a fase de debates e, segundo previsão, a sentença será anunciada até a madrugada desta sexta-feira para sábado.

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