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A poluição e o crescimento descontrolado de algas próximo à Estação de Captação do Limoeiro, na zona Sul de Londrina, deixaram desde esta quinta-feira pelo menos 185 mil pessoas sem água potável em 161 bairros de Londrina e Cambé. O Rio Tibagi fornece 54% da água da Região Metropolitana de Londrina – mas a Sanepar reduziu em até 50% o volume coletado para o tratamento. As algas acumularam-se nos filtros do sistema e causaram preocupação aos técnicos da empresa, que em 14 anos dizem nunca ter visto situação semelhante.

Dos 1,2 mil litros por segundo normais, na quarta-feira a Sanepar captava apenas 600 litros por segundo. Nesta quinta-feira, biólogos da companhia ficaram trancados nos laboratórios da empresa para tentar entender o problema ambiental.

As algas formaram uma mancha de 15 quilômetros no Rio Tibagi e a água ficou esverdeada. Os microorganismos – que podem ter alto grau de toxidade se concentrados – se proliferaram e exigiram que a empresa lavasse os 12 filtros da estação de tratamento a cada duas horas. Em dias normais, o processo é feito a cada 50 horas. A suspeita é de que o despejo de água de tanques dos pesque-pague da região possa ter levado ao Tibagi uma grande quantidade de ração para peixes, rica em nitrogênio e fósforo, servindo como alimento farto para as algas.

Especialistas, porém, alertam que o despejo de esgoto de casas e indústrias da região, agrotóxicos e fertilizantes de lavouras próximas ao rio e a criação de animais às suas margens também tiveram influência na crise, principalmente com o rio mais baixo em virtude da seca – o que fez aumentar a concentração de nutrientes disponíveis para as algas.

"A expectativa é que a mancha de algas vá embora em 24 horas", afirmou Sérgio Bahls, gerente metropolitano da Sanepar. Perguntado sobre o porquê de a empresa não alertar Londrina quanto ao problema, o gerente justificou: "Soubemos apenas na quarta-feira e precisávamos de algumas análises antes".

"Nunca vi isso antes", espantou-se Antônio Carlos Ajarilla, coordenador de produção de água com 36 anos de Sanepar, 26 deles em estações de tratamento. "As algas precisam existir, mas houve evidente desequilíbrio".

Ajarilla considerou o caso "inédito" e afirmou não ter dúvidas de que a proliferação de algas tem causas provocadas pelo homem. Segundo o funcionário, havia conhecimento de que a mancha de algas chegaria à região, mas não tão rapidamente. Na semana passada, em Telêmaco Borba, o Tibagi também foi atingido pelo mesmo processo. "Cada usuário do rio tem que fazer a sua parte. As gerações futuras vão ter mais problemas que os nossos. Atos corriqueiros, como poluir o rio, são cumulativos para a natureza", diz o coordenador.

Veja na reportagem em vídeo a qualidade da água em Londrina

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