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João Carlos da Rocha cumpria pena por tráfico de drogas | Atila Alberti / Tribuna do Paraná
João Carlos da Rocha cumpria pena por tráfico de drogas| Foto: Atila Alberti / Tribuna do Paraná

Outros casos

Valter Alexandre da Silva, conhecido como Homem Aranha, cumpria pena na CPA desde janeiro de 2011, mas fugiu do local no dia 1° de maio de 2012. Ele foi preso novamente no último dia 18 e disse ter fugido com facilidade da Colônia Penal. Ontem, a Guarda Municipal prendeu três acusados de um arrastão em um restaurante do bairro Hugo Lange, em Curitiba. Segundo a Polícia Civil, dois deles se conheceram na CPA, de onde estavam foragidos.

A prisão na quarta-feira de dois envolvidos na chacina que matou o ex-secretário de Meio Ambiente de Pinhais Jorge Roberto Carvalho Grando e outras quatro pessoas em abril do ano passado levanta discussões sobre a vigilância dos presos na Colônia Penal Agrícola (CPA) de Piraquara. Um dos acusados da chacina, João Carlos da Rocha, cumpria pena em regime semiaberto na data do crime e as investigações apontaram que ele teria deixado a CPA para cometer os assassinatos.

Grando foi morto em uma chácara em Piraquara junto com o irmão, o funcionário público Antônio Carvalho Grando; o empresário Gilmar Reinert; o agente penitenciário Valdir Vicente Lopes; e o funcionário da Sanepar Albino da Silva. Segundo o delegado de Piraquara, Amadeu Trevisan Araújo, documentos pessoais de duas das vítimas foram encontrados em uma das estradas nas proximidades da CPA. A partir de relatos de testemunhas, afirma o delegado, ficou claro que Rocha deixou o local, cometeu o crime e retornou para a colônia penal.

O delegado comenta que, pelo fato de a CPA ter uma área ampla, os detentos têm mais facilidade para entrar e sair sem serem percebidos. "Não é algo normal [a fuga dos presos], mas aquele local não tem grande proteção". O acusado estava preso por tráfico de drogas e receptação.

Ainda de acordo com Araújo, no processo não consta que Rocha teve autorização da Justiça para deixar o local. O acusado, portanto, deveria estar na colônia no momento do crime, que aconteceu durante a noite. Os presos que cumprem regime semiaberto só podem sair quando realizam trabalhos na colônia e têm o direito de trabalhar ou estudar fora durante o dia, com autorização da Justiça. À noite, porém, devem dormir nos alojamentos.

Rocha é acusado da chacina junto com o irmão, Adilson, a ex-mulher de Grando, Derise Farias Pereira Grando, e Edival de Souza Silva, que usava o nome falso de Clóvis da Silva.

Explicação

A Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Hu­­manos do Paraná (Seju), por meio da assessoria de imprensa, informou que o caso ainda está sob investigação e não há certeza se o detento é culpado do crime. A Seju argumenta que o índice de fugas é baixo na colônia em comparação com outras casas de custódia, cerca de 2% de presos ao mês. Já a taxa de evasão – preso que trabalha ou estuda fora e não retorna – chega a 4% ao mês.

Para a secretaria, poderia ser uma coincidência o fato de os documentos das vítimas estarem próximos à CPA, já que o município de Piraquara tem extensão territorial pequena e os responsáveis não teriam tantas rotas de fuga. A Seju ainda informa que não há planos de aumentar a segurança no local para evitar casos como esse. A Colônia Penal Agrícola possui 1.453 presos, com 200 agentes penitenciários.

Irmã de vítima diz que faltam explicações

Regina Célia Reinert, irmã do empresário Gilmar Reinert, uma das vítimas da chacina em Piraquara, ainda aguarda pelo esclarecimento de alguns pontos do processo. A conclusão, até o momento, aponta para a participação da ex-mulher de Grando, Derise Farias Pereira Grando, como mandante do crime, ao lado de mais três pessoas.

A motivação seria o interesse dela no dinheiro da venda de um terreno que o ex-secretário de Meio Ambiente de Pinhais teria guardado na chácara onde foi morto.

A irmã do empresário a­cre­dita na participação de mais pessoas. Para ela, a quantidade de vítimas e a situação em que elas foram encontradas não estão bem explicadas. Quatro das vítimas foram amarradas com fios de celular e de luz. "Meu irmão era alto e forte, sempre reagiu contra assaltantes. Tem o agente penitenciário [Valdir Vicente Lopes], que certamente estava armado", comenta. Ela acha pouco provável que poucas pessoas tenham dominado as vítimas.

O delegado de Piraquara Amadeu Trevisan Araújo afirma que não há confirmação de que o agente penitenciário estivesse armado. "A esposa dele disse que ele nunca andou armado na companhia dela, mas que quando eles não estavam juntos ele portava a arma. Porém, o revólver desapareceu do local depois do crime". Araújo confirma que há suspeita de participação de outras pessoas e que mantém as investigações sobre o caso.

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