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Belém – O capataz de fazenda Amair Feijoli da Cunha, o Tato, foi condenado ontem por um júri, formado por cinco homens e duas mulheres, a 27 anos pela morte da missionária Dorothy Stang, em 12 de fevereiro de 2005, em Anapu (PA). Mas, por colaborar com a Justiça, beneficiado pela delação premiada, a pena final foi fixada em 18 anos de prisão.

O resultado, anunciado pelo juiz Cláudio Montalvão das Neves, foi comemorado por familiares da vítima, ativistas de direitos humanos e agricultores concentrados na praça em frente ao Tribunal de Justiça, em Belém. Em seu depoimento, Cunha voltou a confirmar o que dissera na fase de instrução do processo, apontando os fazendeiros Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, e Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, como mandantes do crime.

Durante a exibição, em DVD, de seu depoimento prestado à Polícia Federal, Civil e a representantes do Ministério Público do Estado, Cunha começou a chorar e cobriu o rosto com as mãos. Do lado de fora do prédio do TJ, mais de 200 agricultores vindos de Anapu gritavam "assassino, assassino".

Cunha disse que Galvão e Moura pagariam R$ 50 mil aos pistoleiros Rayfran das Neves e Clodoaldo Batista, já condenados pela morte da freira. O acusado também confirmou a frase dita por Galvão a Moura: "Enquanto não se der o fim nesta mulher (Stang), nós não vamos ter paz nestas terras de Anapu".

O fazendeiro Moura, resumiu o réu, teria argumentado que todos corriam riscos de perder o lote 55 para o Programa de Desenvolvimento Sustentável (PDS) com o trabalho que a missionária vinha fazendo na área.

O promotor Sávio Brabo disse que ao confirmar o depoimento prestado no dia 5 de abril do ano passado, o acusado tentava atenuar sua pena, colaborando com a Justiça.

O outro promotor que atuou no julgamento, Edson Souza, foi incisivo ao acusar Cunha de participação no crime, rejeitando a tese de menor envolvimento dele na trama para matar a freira. "A tese não se sustenta, porque ele confessou ter intermediado o crime e também foi apontado por Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista como intermediário", explicou Souza. Para ele, o acusado teve participação decisiva e fazia parte da engrenagem que tinha como fim matar Stang. Os dez depoimentos prestados pelos acusados do crime, arrematou, não desceram de pára-quedas no processo e foram "previamente arquitetados" para confundir os julgadores com "falácias".

A estratégia de Dalza Barbosa, advogada de Cunha, foi transferir para os fazendeiros Moura e Galvão toda a responsabilidade pelo assassinato, isentando seu cliente. Moura foi o mais visado. Ela disse que ele usou de todos os meios para que Cunha assumisse o crime, inclusive ameaçando sua mulher e filhos de morte e de tomar seus bens. Dalza exibiu uma carta com a assinatura de Moura citando o que chamou de "graves ameaças".

Ela observou que por se sentir acuado e ameaçado, Cunha decidiu assumir a condição de intermediário do crime.

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