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Quem quer que seja o autor (ou autores) da idéia de espalhar cartazes racistas pelo centro da capital, conforme mostraram reportagens do Paraná TV e da Gazeta Online exibidas ontem, é bom saber que o tiro saiu pela culatra. Os adesivos, que traziam a mensagem "Mistura racial? Não, obrigado!" e tinham apenas a inscrição "Orgulho Branco" como assinatura, apareceram na terça-feira passada na região do Largo da Ordem e já foram retirados. Mas acabaram servindo de munição para a organização não-governamental Instituto Brasil e África (Ibaf), que recebeu do presidente da assembléia, deputado Hermas Brandão (PSDB), a promessa de elaborar um projeto de lei para ajudar a combater a discriminação racial no estado.

O crime de racismo já é objeto da Constituição Federal, tipificado na Lei 7.716/89, que proíbe a discriminação de raça, cor, etnia, religião e procedência nacional e pune os infratores com pena de um a três anos de reclusão e multa. Quando propagada por órgãos de comunicação social, a pena sobe para dois a cinco anos.

A principal sugestão para a lei estadual, segundo o presidente do Ibaf, Saul Dorval da Silva, é a criação do SOS Racismo – espécie de disque-denúncia para os crimes associados ao preconceito racial. "Poderia ser criado um setor dentro do Ministério Público Estadual para atender as vítimas desse tipo de crime", opina Silva, que ficou de entregar sugestões para o deputado Hermas Brandão.

O presidente da Assembléia confirma o interesse no assunto. "Estamos abertos a ouvir as reivindicações e eu assumi o compromisso de trabalhar na elaboração desse projeto. Por isso, pedi sugestões para fazermos esse trabalho a quatro mãos", informou Brandão.

Reação gay

Os telefones da sede do Grupo Dignidade, Organização Não-Governamental que representa gays, lésbicas, bissexuais e transexuais (GLBT) tocaram ontem insistentemente. Várias pessoas ligaram denunciando maus-tratos, agressões e ofensas sofridas em Curitiba. Também na última terça-feira, foram espalhados pela cidade adesivos com as frases "Homossexuais afrontam a natureza" e "Homossexuais molestam crianças". A manifestação foi assinada pelo grupo Frente Anti-Caos.

O número de denúncias surpreendeu aos diretores do Dignidade. "A repercussão foi impressionante. Normalmente, recebemos apenas duas ou três ligações. Hoje foram mais de 30 pessoas que criaram coragem de falar", disse o diretor do Grupo Dignidade, Igo Martini.

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