As amigas Sarai, Paula, Tatiana e Andreza foram juntas ao cabeleireiro: iniciativa começou na internet e vem ganhando mais adeptos| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Doação

Locks of Love auxilia crianças dos EUA e do Canadá com perucas

A Locks of Love é uma das maiores iniciativas na área, embora as ações sejam mais informais e partam, por exemplo, de funcionários de hospitais e de voluntários não organizados. O projeto atende crianças dos Estados Unidos e do Canadá que não têm condições de comprar uma prótese de cabelo, que custa de US$ 3,5 mil a US$ 6 mil, segundo a ONG. Os cabelos não podem ser artificiais porque sofrem um processo diferenciado para formar uma película de vácuo na cabeça, já que não são coladas.

A ONG também atende portadores de alopecia, doença que causa a perda de pele e cabelo e que não tem cura. Cada peruca fabricada pelos voluntários exige em torno de 10 rabos de cavalo, e é trocada a cada 18 meses, para se adaptar ao ritmo de crescimento das pacientes.

Escalpelamento

No Brasil, já existem ações como a Orvam (Organização Não Governamental dos Ribeirinhos Vítimas de Acidentes de Motor), com sede no Pará, que pede doações de cabelos para confeccionar perucas a mulheres que foram vítimas de escalpelamento. O nome se refere ao acidente sofrido por muitas mulheres que viajam de barco pelos rios da região. Como o motor não é coberto, o cabelo corre o risco de enroscar no equipamento e ser arrancado, levando também parte das orelhas e sobrancelhas. Outra organização brasileira que está na internet é a Doe Suas Molduras, que também atende portadores de câncer. As molduras, no caso, são os cabelos, que emolduram o rosto.

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A feitura de cada peruca precisa de 10 rabos de cavalo
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Mais de um metro de cabelo no total, muitos e muitos anos esperando que as mechas crescessem e, no fim, um sentimento de desapego e de que elas irão para (a cabeça de quem precisa) cabecinhas que merecem. Há dez dias, um grupo de amigas – uma loira, uma ruiva e uma morena – se reuniu em um salão de beleza de Curitiba para passar a tesoura nos cabelões e enviá-los a Miami (EUA), onde uma ONG, a Locks of Love (Cachos de Amor) se prontifica a transformá-los em perucas para pacientes de até 21 anos que estejam com câncer e que tenham perdido o cabelo devido aos efeitos da quimioterapia.

A iniciativa, como muitas hoje em dia, teve a ajuda das mídias sociais. Primeiramente, a jornalista Andreza Agibert Árias descobriu que o marido de uma amiga que mora no Egito constantemente deixava o cabelo crescer e logo em seguida o cortava e enviava a Miami. Motivada, foi a um salão no último dia 16 e cortou 30 centímetros (cm). Postou a foto no seu perfil no Facebook e a boa ação ‘viralizou’. Dias depois, ao menos cinco amigas decidiram fazer o mesmo, e três já cortaram.

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As três são a professora universitária Sarai Agibert, 48 anos, tia de Andreza; a autônoma Paula Sponholz, 43 anos; e a restauradora Tatiana Domingues, 32 anos, que doaram, respectivamente, 38 cm, 41 cm e 40 cm de cabelo.

Gesto

O cabelo de Sarai, a ruiva, não era cortado havia 15 anos. Agora, até a filha vai doar, depois que sair o descolorante do cabelo, já que a ONG não aceita fios com o produto químico porque ele dificulta o processo de feitura das perucas. "Eu me sensibilizei com a atitude e não foi nem preciso ela me pedir, me convencer", diz Sarai sobre Andreza, que agora, confessa, mudou de tática: "Vou ser cara de pau e fazer o convite para outras pessoas", brinca.

No caso de Paula, que diz gostar de mudar de visual, a doação simboliza também o amor e a solidariedade a amigas que estão com câncer – cinco enfrentam tratamento e uma outra faleceu. "Palavras de apoio são importantes, mas o ato é que faz diferença. É fundamental." O mesmo pensa Tatiana, que não cortava o cabelo desde os 12 anos. "Sangue eu não posso doar porque não tenho o peso mínimo. Já sou doadora de medula óssea e agora, de cabelo. Pretendo ajudar sempre."

Associação de apoio precisa de doações

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O chamado é para quem tem perucas em casa ainda em bom estado e sem uso, e também para os cabelereiros profissionais: os voluntários da Associação de Amigos das Crianças com Doenças Hematológicas e Oncológicas – Ciranda da Esperança do Hospital Pequeno Príncipe (HPP) está montando o seu banco de perucas e precisa de ajuda. O objetivo é adqui­­rir mais acessórios – já são 14 – e também ajuda profissional para restaurá-las e aplicá-las nos pacientes, 95% deles são meninas que perderam os cabelos devido à quimioterapia ou a doenças do sangue.

De acordo com a presidente voluntária da associação, Eliane do Rocio Pedro Bom, as perucas são doadas a crianças carentes, moradoras da zona rural, do interior do estado e da região metropolitana em sua maioria, a partir de um pedido de ajuda da família repassado aos assistentes sociais, que então procuram a Ciranda da Esperança. Hoje, uma peruca chega a custar R$ 1,2 mil. As 14 já adquiridas são uma doação de uma jovem de 25 anos que teve câncer na infância e foi tratada no HPP. A associação também necessita de mostruários para colocar as perucas, assim como velcros que são acoplados à cabeça para segurar o cabelo e redes que ajudam na ventilação do couro cabeludo.

O trabalho dos profissionais é necessário para lavar as perucas, restaurá-las, acrescentar novos fios, entre outros cuidados, além de adaptar o corte ao gosto das meninas. Também é preciso alguém que se disponibilize a ir ao hospital quando a criança não puder ir à associação.

Serviço

O endereço da associação é Rua José Bonifácio, 15, 4º andar, no Edifício Nossa Senhora da Luz, de frente para a Catedral da Praça Tiradentes, no Centro de Curitiba. Contatos: http://cirandadaesperanca.org.br e (41) 3078-1161 / 9185-1603.

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Serviço

• Infome-se

Saiba como ajudar nos sites: Locks of Love (www.locksoflove.org), Orvam (http://orvam.org.br) e Doe Suas Molduras (https://sites.google.com/site/doesuasmolduras/home).

• Passo a passo

Faça um rabo de cavalo de no mínimo 25 centímetros de cabelo e corte um pouco acima do elástico. Envie o cabelo do jeito que foi cortado. Não use descolorantes. O cabelo pode ser de qualquer cor.

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