Adolescente e idosos lado a lado no vestibular

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Matheus, Antônio e Alfredo têm um compromisso em comum domingo. Eles estão entre os 43.449 candidatos que enfrentarão a primeira fase do Vestibular 2007 da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A diferença é que para o primeiro o concurso ainda é uma simples experiência de uma tentativa futura em conquistar a vaga, para os outros dois é a chance de aperfeiçoamento após uma vida inteira de experiências.

Matheus Fernando Mafra tem 13 anos e fará o concurso da UFPR na categoria de treineiro. Candidato mais novo do vestibular, ele ainda está na 8.ª série do ensino fundamental no Colégio Bom Jesus, mas já está preocupado com os anos que vêm pela frente. "Acho que é muito importante a experiência de fazer o vestibular mais cedo. Eu quero ver o que cai", conta. O sonho de Matheus é ser engenheiro mecânico. "Desde pequeno eu já gostava de construir coisas, também gosto de Matemática e Física", diz.

Filho, irmão e primo de engenheiros, o estudante conta que tem um exemplo em casa como um dos incentivos. "Minha irmã fez vestibular quando estava no 1.º ano (ensino médio) e passou. Ela disse que é muito importante, que ganhou experiência, viu o que cobravam". Hoje, a irmã está no 3.º ano de Engenharia Química na UFPR. Para os pais, a iniciativa de Matheus está aprovada. "Acho interessante, uma experiência positiva", afirma a mãe Rosimeire Mafra.

Experiência

Desde 1950 em Curitiba, o pernambucano Antônio Ferreira dos Santos é o mais experiente entre todos os candidatos do concurso. Aos 81 anos e tendo concluído dois anos do curso de Jornalismo na UniBrasil, Antônio pretende ser um dos calouros da UFPR no ano que vem, na turma da manhã do curso de Direito. "Admiro muito esse curso e gosto muito de ler", revela.

Se for aprovado e concluir os estudos, Antônio estará formado em 2011, com 86 anos. O candidato não descarta a possibilidade de atuar na área jurídica. "Se der tempo eu vou trabalhar, estou bem de saúde", diz. Quem não aprova a idéia são os familiares, mas ele não desanima. "Eles não são muito a favor, acham que estou velho. Mas a gente deve tentar quando quer alguma coisa", avalia.

O segundo candidato com mais idade do vestibular da UFPR tem 74 anos. Alfredo Domakowski almeja vaga no curso noturno de Matemática. Com 36 anos da vida dedicados ao funcionalismo público, Alfredo já foi candidato ao curso de Medicina na UFPR por duas vezes, entre 1957 e 1960, mas não foi aprovado. "Em 1970 entrei para o curso profissionalizante de Eletrônica do Cefet. Foi quando comecei a entender e gostar de Matemática", conta.

Alfredo concluiu o ensino médio em 1956, no extinto Colégio Parthenon, em Curitiba, mas o gosto pelos estudos é tão grande que está refazendo o ensino médio regular no Instituto de Educação. Este ano ele conclui o 2.º ano. "Quero dar uma avivada nas idéias", diz. Além de manter a mente ativa, Alfredo quer preencher o vazio das noites que passa sozinho desde que a esposa morreu. "As noites são muito doloridas. É difícil ficar sem a companheira após 40 anos de convivência".