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O advogado Roberto Bertholdo, durante o interrogatório na 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, na segunda-feira (14), negou a acusação de que ele seria o mandante de grampear o telefone do gabinete do juiz federal Sérgio Moro, da Vara Especializada em Lavagem de Dinheiro de Curitiba.

O advogado foi preso há doze dias pela Polícia Federal, por suspeitas de tráfico de influência (compra de decisões judiciais e prática de lobby), lavagem de dinheiro, além do grampo.

Informações da assessoria de imprensa da Justiça Federal de Curitiba dão conta que, no interrogatório, Bertholdo acusou o deputado federal José Janene (PP-PR) e doleiro paranaense Alberto Youssef de serem os mandantes do grampo.

José JaneneO deputado rebateu a acusação dizendo que não teria motivo para grampear o juiz Sérgio Moro. "Eu não conheço esse juiz. Não tenho motivo para grampear. Essa foi uma tática perversa do advogado dele para desqualificar o foro. Ele (Bertholdo) era assessor do deputado José Borba (ex-PMDB), mas como ele renunciou, resolveram me acusar para tentar levar o caso para o Supremo Tribunal Federal (STF)", disse.

"Eu não tenho ligação pessoal com ele. O escritório dele prestava serviços tributários para mim, mas há três anos rompi esse serviço", complementou Janene.

Material apreendidoDurante o interrogatório, conduzido pelo juiz federal substituto da 2.ª Vara Gueverson Farias, Bertholdo não se manifestou sobre o material recolhido em suas casas. Nas buscas, que aconteceram em quatro residências na capital paranaense, uma casa em Brasília e um flat de luxo em São Paulo, a PF apreendeu inúmeros gravadores digitais, microcâmeras, muito equipamento de gravação de ambiente clandestina, fitas de vídeo, cd, hard disk (hd) de computadores, notebooks, além de algumas decisões judiciais de ações diversas e documentos públicos envolvendo empresas do governo federal.

AcusaçõesSobre a acusação de que teria negociado a venda de decisões judiciais em troca de R$ 600 mil, Bertholdo informou que o dinheiro era da campanha eleitoral de Tony Garcia (ex-deputado estadual). Perguntado sobre qual seria o motivo que o então parlamentar teria para fazer a transferência de R$ 600 mil, Bertholdo não soube explicar.

A terceira acusação protocolada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Bertholdo é de lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia, Bertholdo teria pulverizado os R$ 600 mil utilizando "laranjas". Como o advogado informou que o dinheiro veio do ex-deputado Tony Garcia, Bertholdo negou a existência desses "laranjas".

Montagem do grampoA situação de Bertholdo ficou pior, logo após o seu interrogatóio, quando o juiz Gueverson Farias ouviu Sérgio Rodrigues, acusado de ter montado o grampo na sala do juiz Moro.

No depoimento Rodrigues afirmou que não conhece o deputado Janene nem o doleiro Youssef, desmentindo assim que os dois teriam sido o mandante do grampo. E complementou dizendo que entregava fitas, regularmente, no escritório de Bertholdo.

ContatosA Justiça Federal não informou se o deputado Janene será ouvido, assim como o doleiro Youssef. Janene disse que vai entrar em contato com o seu advogado para ficar à disposição da Justiça para eventual depoimento. O escritório do então advogado de Bertholdo, Ivan Xavier Vianna Filho, informou que não representa mais Bertholdo.

O doleiro Youssef foi condenado a sete anos de prisão por envio ilegal de US$ 2,5 bilhões ao exterior, entre 1996 e 2000. O doleiro cumpre a pena em regime aberto, mas ficou cerca de um ano na cadeia.

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