São Paulo As companhias aéreas estimam que o prejuízo com a crise aérea dos últimos seis meses já ultrapassou R$ 100 milhões e cobram do governo indenização. "Essa brincadeira já ficou cara demais. A inércia do governo nesse episódio já ultrapassou o limite", disse o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), José Márcio Monsão Mollo. Ele diz que, na semana passada, já havia se reunido com o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil, Milton Zuanazzi, para definir a metodologia de cálculo que será empregada para o ressarcimento.
O pedido das empresas será submetido à avaliação da diretoria da agência. Não é a primeira vez que as empresas tentam obter compensações frente aos gastos extras provocados pela crise nos aeroportos. Em novembro, o sindicato já estimava perdas de R$ 40 milhões. As companhias já começam, porém, a dar sinais de que os ânimos estão mais acirrados na relação com o governo.
Os prejuízos, diz o sindicato, incluem apenas os aspectos de fácil contabilização, como os gastos adicionais com querosene, pagamento de horas extras para a tripulação, taxas de permanência nos aeroportos e gastos de hospedagem e alimentação dos passageiros. Segundo Mollo, somente a TAM acumula gastos de US$ 2 milhões por mês com combustível. O querosene representa em média de 30% a 35% dos custos de uma empresa aérea. Com os problemas de controle, os aviões ficam mais tempo no ar, à espera de permissão para pouso, o que eleva os gastos.
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Mollo destaca ainda que o principal prejuízo não pode ser mensurado: os efeitos negativos sobre a imagem das companhias brasileiras de aviação. Ele diz que trabalhadores passaram a receber agressões. "Os empregados trabalham em situação de permanente tensão, não conseguem obter informações da torre de controle e não conseguem repassar dados para os passageiros". Na noite de sexta-feira, uma funcionária da BRA levou um soco no olho no aeroporto Tom Jobim, no Rio.
O presidente da Anac disse que, embora a agência não responda pelo controle do tráfego aéreo, buscou auxiliar na ligação entre prestadores de serviços, usuários e infra-estrutura. Para ele, os efeitos da crise vão depender do cumprimento do acordo entre governo e controladores.
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