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Funcionária do Ministério da Educação do Níger, país africano ao norte da Nigéria, Aboubacar Anadou Hadjatou veio participar da Rio+20 e, na segunda-feira (25), véspera de voltar para a casa, teve os documentos roubados durante um passeio no Shopping Rio Sul, inclusive o passaporte.

Na terça-feira (26), ao chegar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, foi à delegacia local, registrou a ocorrência e, apesar de estar com a cópia do passaporte, foi impedida pela Alitalia de embarcar no voo da companhia, como fizeram outros integrantes da delegação de seu país.

Desesperada e chorando muito, Aboubacar foi amparada pela tradutora Elida Hederick Vieira, que estava no aeroporto acompanhando outros estrangeiros que participaram da conferência. Desde então, ela está abrigada na casa de Elida, na Zona Norte, que tenta ajudar Aboubacar a voltar para seu país de origem.

A mulher, de 53 anos, está desolada. Ela tem cinco filhos e uma das meninas está de casamento marcado para o dia 14 de julho. Como a burocracia é grande, ela teme não chegar a tempo em casa.

O Níger não tem representação no Brasil. Ainda no Galeão, Aboubacar fez contato com a Embaixada do Niger nos Estados Unidos, que mandou por e-mail um documento comprovando que ela é funcionária do governo africano. Mas a companhai aérea disse que ela não poderia embarcar no voo, que teria escala na Itália, pois corria o risco de ser parada na imigração local. Preocupados com ela, os demais integrantes da delegação juntaram todos os reais que tinham nos bolsos - cerca de R$ 150 - e deram para Aboubacar.

Sem ter para onde ir, a mulher ficou vagando pelo aeroporto, chorando, até ser encontrada por Elida, que quis saber o motivo do desespero. Comovida com a história, a tradutora não pensou duas vezes e convidou a africana para ficar em sua casa, mesmo sob o alerta de funcionários do Galeão, preocupados por ela ser estrangeira e desconhecida.

Na terça-feira, Elida ainda foi com Aboubacar ao Itamaraty, mas funcionários teriam informado que o órgão está em greve e que nada poderiam fazer. Elas foram recebidas pelo consultor jurídico Claudio Roberto Herzfeld, que alegou não ser a função dele, mas deu um documento para a tradutora informando que, para fins legais, ela esteve no órgão acompanhada da estrangeira. Para Elida, o documento também é uma prova de que o Itamaraty sabe do problema vivido por Aboubacar.

A estrangeira contou para Elida que procurou o comitê organizador da Rio+20, mas eles não teriam oferecido ajuda nem orientação. O mesmo teria ocorrido na Secretaria municipal de Assistência Social. As duas esperam agora que a Embaixada do Níger nos Estados Unidos envie, pelos Correios, o documento que comprova a sua origem. Existe uma possibilidade de ele chegar na terça-feira. Caso isto ocorra, ela embarcará imediatamente.

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