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Uma queda de braço estatística entre sindicalistas e a direção da Polícia Federal (PF) está por trás das recentes manifestações realizadas por agentes para reivindicar melhorias na estrutura da corporação em todo o país. No Paraná, 70% dos trabalhadores, incluindo agentes, escrivães e papiloscopistas, cruzaram os braços ontem e seguem em ritmo menor de trabalho hoje, como parte de uma mobilização nacional da categoria.

O Sindicato dos Policiais Federais no Estado do Paraná (Sinpef) afirma que o número de indiciados pela corporação no Paraná caiu 51% entre 2010 e 2013, passou de 6.114 para 2.983. A direção da PF em Brasília e a superintendência do órgão no Paraná, por sua vez, dizem que o número está desatualizado.

Segundo o Sinpef, o número de indiciamentos foi solicitado à própria PF por meio da Lei de Acesso à Informação, via Portal da Transparência. As estatísticas revelam queda nos indiciamentos não somente no Paraná, mas também no país, um total de 60,59%. Em 2010 foram 46.502 indiciados em todo o Brasil. Em 2013, a quantia caiu para 18.325.

O delegado José Alberto de Freitas Iegas, diretor de inteligência policial em Brasília, sustenta que os números apresentados pelo sindicato têm como fonte o Instituto Nacional de Identificação (INI), cujo processamento de dados referentes aos indiciados é sempre mais atrasado em relação ao sistema que gera os inquéritos policiais, o Siscart. "Se você fizer um indiciamento hoje em Foz do Iguaçu ele já estará no sistema. Mas não necessariamente na folha de antecedentes do indiciado. É essa defasagem que existe", explica. Pelos números da direção da PF, não houve queda no número de indiciamentos a partir do trabalho da corporação no país, mas crescimento: de 40.656 em 2010 para 46.095 no ano passado. Apesar da alegação do superintendente, os sindicalistas sustentam que a base dos dados foi o Siscart.

Colarinho branco

Os sindicalistas alegam que o tipo de inquérito que mais teve prejuízo com a queda dos indiciamentos é o de crimes do colarinho branco e lavagem de dinheiro. "Hoje para fazermos qualquer investigação desse tipo nós temos que informar o ministro da Justiça. Há um controle político sobre a investigação", afirma o presidente do Sinpef, Fernando Vicentine. Ele diz que apenas 0,1% dos presos no país estão relacionados ao crime do colarinho branco.

A direção da PF contesta a informação e, via assessoria de imprensa, informa que não há necessidade de autorização do ministro da Justiça para investigar crimes do colarinho branco. O que passa pelo ministério é uma autorização para gastos com operações consideradas de grande porte. O teor da operação também não é revelado.

Reivindicações

Os policiais reclamam dos salários congelados há sete anos, ao contrário dos vencimentos dos delegados que continuaram sendo atualizados. Também estão descontentes com a desvalorização da categoria e episódios constantes de assédio moral. Quanto ao efetivo, o Paraná tem hoje cerca de 580 policiais federais, alguns cumprem funções que não deveriam ou estão emprestados para operações em outros estados. O ideal, segundo o Sinpef, seria 1.500.

Uma nova manifestação, envolvendo servidores federais, está marcada para hoje em todo o país.

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