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Madeira cortada ilegalmente em General Carneiro é exposta em Curitiba: ideia é chocar a população | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Madeira cortada ilegalmente em General Carneiro é exposta em Curitiba: ideia é chocar a população| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Toras gigantes na XV

Moradores de Curitiba se depararam ontem com pedaços de toras gigantes de Araucária – cortadas ilegalmente – em pontos de grande circulação de pessoas. Na Rua XV, dez fatias de madeira com mais de um metro de diâmetro "enfeitam" a calçada. A intenção do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é causar choque nos curitibanos. "A ideia é trazer para mais perto da realidade dos moradores de grandes centros, como Curitiba, o que está acontecendo em cidades distantes, no interior do estado", conta o superintendente no Paraná, José Álvaro Carneiro. As toras centenárias foram trazidas de General Carneiro – uma das 14 cidades onde está acontecendo uma megaoperação de combate ao desmatamento.

General Carneiro - A operação que culminou nesta semana com a prisão de três políticos e três empresários paranaenses e com a interdição de 16 empresas demorou seis meses e contou com a participação de policiais federais infiltrados dentro do setor madeireiro. A Polícia Federal diz que seus agente percorreram as cidades da Região Centro-Sul do Paraná demonstrando interesse em comprar madeiras nobres, sem nota fiscal e autorização ambiental. Foi assim que eles conseguiram informações sobre procedimentos que seriam adotados para burlar a fiscalização.

Todos os presos negam que estivessem envolvidos com crimes e dizem que agem estritamente dentro dos limites legais previstos para o setor madeireiro. Alguns pedidos de reconsideração da sentença que determinou as prisões e interdições foram apresentados por advogados de defesa, mas até o fim da tarde de ontem nenhuma solicitação foi julgada.

Um dos visitados pelos agentes à paisana foi o prefeito de General Carneiro, Ivanor Dacheri (PSB) – que foi detido em casa, anteontem. Ele teria garantido a um agente disfarçado que seria capaz de entregar 6 mil toneladas de cavaco por mês ao suposto comprador. O material foi oferecido, segundo a PF, com a garantia de que não seria rastreado por vistorias ambientais ou fiscais. E boa parte seria de madeira nativa.

Dacheri foi multado diversas vezes nos últimos meses e é considerado reincidente em infrações ambientais. Além disso, não teria respeitado áreas de embargo – que apareceram cobertas com plantação de soja – e teria vendido toras apreendidas em operações ambientais. A madeira negociada poderia encher 40 caminhões.

Já o presidente da Câmara Municipal de General Carneiro, José Cláudio Maciel, também preso durante a operação Angustifolia, tem um escritório de contabilidade e seria o responsável por buscar formas de dar aparência legalizada aos negócios de várias madeireiras da região. Em abril, ele registrou um boletim de ocorrência policial alegando que os computadores da empresa haviam sido roubados. Depois, os equipamentos apareceram. Para a PF, o registro policial pode ter sido um estratagema para fazer desaparecer arquivos que interessavam às investigações.

Também foi preso na operação o vice-prefeito de Coronel Domingos Soares, Volnei Barbieri. E está foragido – com mandado de prisão em aberto – o prefeito de Bituruna, Remi Ransolin.

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