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O Sindicato dos Agentes Penitenciários Federais (Sindapef) vai solicitar investigações sobre os problemas existentes na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Oeste do Paraná, ao Ministério Público Federal (MPF). Segundo o presidente Helder Jacoby, as denúncias presentes em um relatório que aponta falhas no sistema de segurança do presídio "atingem a honra de todos os agentes".

O Sindapef acusa o diretor da penitenciária, Ronaldo Urbano, de transformar o local num caos. Uma assembléia extraordinária do sindicato será marcada para os próximos dias e vai discutir as medidas a serem adotadas.

Segundo relatório da Polícia Federal, os agentes penitenciários de Catanduvas teriam brigado com a direção da unidade e desde então travam uma disputa interna. Além disso, o relatório teria fortes indícios de que o sindicato foi formado sob influência da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). O Sindapef rechaça com veemência essa acusação. Em reportagem da Folha de S. Paulo, o Sindapef acusou Urbano de uma série de "trapalhadas" e sugere que o delegado não está apto para exercer a função. Urbano foi procurado pela reportagem, mas não quis comentar as afirmações do sindicalista.

Relatório polêmico

O documento reservado mostra que a disputa começou com a decisão do Ministério da Justiça de vincular os agentes ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e colocar homens da Polícia Federal (PF) nos cargos de chefe de segurança e diretor, as principais chefias da penitenciária.

A disputa interna teria enfraquecido a chefia e fortalecido os presos, de acordo com o relatório. Beira-Mar, inclusive, já teria assumido a condição de chefe dos demais detentos, que somam 140.

A reportagem apurou ainda que Beira-Mar teria comprado um táxi em Cascavel, usado para levar parentes ao presídio.Além disso, ainda segundo o relatório, o traficante tem ajudado presos mais pobres com a contratação de advogados e pagamento de apartamentos alugados.

O taxista Jaime Almeida, o "Pé de Boi", negou qualquer vínculo com o detento. Ele seria o beneficiário da compra de um Siena por parte de Beira-Mar para servir o advogado dele e da família durante as visitas ao presídio. O taxista disse que ficou sabendo do assunto pela reportagem e ficou surpreso com as acusações. "Eu não tenho nenhum vínculo com o Beira-Mar. Essas acusações são uma mentira", disse Almeida. O taxista, contudo, admitiu que leva os advogados e a família de Beira-Mar para Catanduvas todos os meses.

"Pitboys"

Entre outras irregularidades apontadas no relatório estão: contratação de 11 agentes que são réus em inquéritos ou processos criminais; sistema de gravação de conversas que ainda não estaria funcionando; ausência de plano de contingência para rebeliões; e registro de atendimento de celulares em local proibido.

Wilson Salles Damázio, diretor do Sistema Penitenciário Federal, diz que as reclamações contra agentes penitenciários de Catanduvas, chamados de "pitboys" em Cascavel pelas brigas e confusões, estão sendo investigadas pela polícia e são alvo de inquéritos administrativos. "Alguns são novos e de certa forma inexperientes. Houve problemas no começo, mas a Polícia Federal já reprimiu a situação e procedimentos disciplinares foram instaurados", disse.

Tortura

Fora o conteúdo dos relatórios, a Polícia Federal instaurou inquérito policial para apurar a denúncia do assaltante de banco José Reginaldo Girotti. As investigações ainda não foram concluídas. O diretor Damázio informou que pode se tratar de auto-lesão. A conclusão é do médico que atendeu o preso na unidade. O ministério não informou se as câmeras de vídeo registraram as imagens da suposta agressão.

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