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Desde que a Lei Maria da Penha entrou em vigor, em 2006, as mulheres conquistaram mais garantias para denunciar maridos violentos. Entretanto, boa parte decide renunciar à ação judicial porque deseja buscar a reconciliação com o agressor. É essa realidade que a aluna de Psicologia da Pontifícia Uni­ver­sidade Católica do Paraná (PUCPR) Gabriela Rosseto Demeneck constatou durante o estágio curricular que fez no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, em Curitiba.

A permanência da mulher em um ambiente de violência originou o estudo "A fruta não cai longe do pé: violência transgeracional", feito em conjunto com a professora de Psicologia da PUCPR Maria Cristina Neiva de Carvalho. Com a ajuda de outros seis estudantes de Psicologia, Gabriela analisou os casos de 149 mulheres que abriram processos contra os parceiros.

Para a metade que buscava a reconciliação, nem sempre amorosa, as motivações para o fim da ação eram diversos. "Muitas vezes os filhos surgem como um motivo, mesmo como desculpa para a vítima continuar na relação. Às vezes, o próprio filho pede a volta do pai e elas ficam mobilizadas", diz Gabriela.

Outra razão é a falta de apoio dos familiares, que consideram normal o tipo de atitude do marido. No estudo, é possível perceber que a violência domiciliar muitas vezes passa de geração em geração. "Se o pai impõe sua vontade e agride, tanto a menina quanto o menino aprendem com isso", afirma Maria Cristina.

Mas nem sempre a violência física é a que mais aparece nos boletins de ocorrência. Das pessoas que passaram pelos grupos, 70% sofreram violência moral, ou seja, ouviram xingamentos de seus cônjuges. A segunda maior causa foi a violência psicológica, que envolve ameaças. A violência física chegou a 40%, seguida da patrimonial com 22%.

Agressores

Os alunos também ouviram 11 agressores que estavam em liberdade condicional. Nessa reflexão, perceberam que os agressores, quando assumem a ocorrência, tendem a minimizá-la. "Eles se co­­locam como vítimas e põem a culpa em outros fatores. A culpa é da mulher que provoca, da lei que es­­tá errada e que só ouve um lado, ou das drogas. Eles trazem que são exemplos de pais, de homens, que são justos e bons, mas que às vezes bebem e erram", relata Gabriela.

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