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Cerca de 13% das mortes crianças por causas externas no Brasil são decorrentes de violência doméstica. Pior: em 95% dos casos, a agressão é cometida pelos próprios pais ou responsáveis. As mortes e outras possíveis seqüelas da violência contra as crianças estão sendo discutidas, desde ontem, em um evento promovido pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Neste mês, completa um ano a criação de um ambulatório especializado, dentro do hospital, para atender a essas crianças. O evento, que é aberto à comunidade e envolve pessoas que trabalham diretamente com o assunto, prossegue até amanhã.

O ambulatório funciona uma vez por semana e recebe, em média, de 40 a 60 pessoas por dia de funcionamento. "Cerca de 95% que atendemos são casos graves de violência doméstica, como abuso sexual e agressão física. Não atendemos a emergências, mas agressões que já aconteceram e que precisam de tratamento", explica a pediatra e chefe do ambulatório Luci Pfiffer.

Segundo a médica, o hospital não tem como classificar o tipo de agressão mais comum porque os casos são bastante variados, mas todas as crianças atendidas lá necessitam de acompanhamento psicológico. "Temos muitos casos de espancamento, mas ele ocorre de várias maneiras e com diferentes objetos", diz Luci.

A equipe que atende essas crianças é formada por vários profissionais, que as direcionam para um tratamento prolongado quando necessário. "Planejamos um ambulatório como esse por mais de dez anos. Temos médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e advogados para acompanhar os casos. Contamos inclusive com voluntários que auxiliam no atendimento", comenta a pediatra.

Conseqüências

As crianças que sofrem violência podem se tornar adultos que vão fazer o mesmo com seus filhos. De acordo com Rosecler Alice da Silva, psiquiatra especialista em crianças e adolescentes e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), muitos pais que violentam seus filhos possuem algum tipo de doença mental. "É a forma que eles usam de manifestar seus problemas e frustrações. A maioria deles foi vítima de violência na infância. Por isso, é possível dizer que quem a sofre hoje pode fazer o mesmo no futuro", explica a psiquiatra.

Os jovens agredidos ficam com baixa auto-estima e, na maioria das vezes, desenvolvem depressão."A agressividade verbal é também muito comum, assim como a psicológica. Quando a física acontece, os pais com personalidade perversa tendem a esconder isso. Por isso temos subnotificação de violência contra menores", diz Rosecler.

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