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O agricultor José Luiz Estácio, 33 anos, quer recomeçar a vida e tenta esquecer os momentos de terror passados no domingo. Ele, a mulher, dois filhos, o irmão e dois funcionários foram torturados por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) de um acampamento vizinho no município de Paula Freitas, na Região Sul do estado.

Todos foram amarrados e apanharam muito. A casa onde moravam e o barracão da propriedade foram queimados. "Eles mandaram até as crianças do acampamento bateram em nós", diz. Eles esperam reconstruir tudo, mas enquanto a vizinhança for o acampamento do MST, sentem medo de voltar. Ontem, os sem-terra desocuparam a fazenda, mas permanecem nas proximidades.

Nos últimos meses, de acordo com o advogado Marcelo Garcia Lauriano Leme, a família Estácio registrou 14 boletins de ocorrências na delegacia local, reclamando de ameaças ou furtos atribuídos aos sem-terra. Os acampados também se queixaram para a polícia de ameaças, diversas vezes. O último registro ocorreu no sábado. A polícia foi chamada por conta de um desentendimento entre os vizinhos. Na ocasião, o produtor disse aos policiais que os sem-terra ameaçaram incendiar a casa.

O agricultor mora na terra há mais de 20 anos. Dos mais de 400 alqueires da Fazenda Gasparin, Estácio tem a posse judicial de 86 alqueires. A propriedade da área, invadida pelo MST em fevereiro de 2005, é do Banestado Leasing. Há quase um ano, a Justiça determinou a reintegração de posse, que não teria sido cumprida por falta de efetivo policial. O advogado pretende pedir indenização ao governo estadual. "Teve de acontecer esse triste episódio para as autoridades olharem para nós", lamentou.

No domingo, o principal líder do MST no Paraná, José Damasceno, disse que torturar pessoas não é prática do movimento e que a área é de conflito.

Segundo o delegado Jonas Eduardo Peixoto do Amaral, que cuida do caso, a situação já é mais calma. "Estamos trabalhando para identificar os responsáveis", declarou. Exames realizados no Instituto Médico Legal (IML) comprovaram a tortura. Ontem, policiais acompanharam os produtores que foram buscar o gado. Eles recuperaram móveis, muitos quebrados, e alguns veículos e implementos agrícolas danificados. A estimativa do prejuízo é de mais de R$ 50 mil, sem contar os imóveis incendiados. A família Estácio está na casa de parentes, em União da Vitória, a 20 quilômetros de Paula Freitas.

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