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Fundo: Requião promete aval para financiamentos

O governador Roberto Requião (PMDB) aceitou receber uma comissão de 40 dos mais de mil trabalhadores rurais que estavam em frente ao Palácio Iguaçu na tarde de ontem. Na audiência, ele se comprometeu a avalizar os financiamentos bancários dos produtores que não têm garantias a oferecer. O valor disponível para o fundo de aval deve ser de R$ 20 milhões. O governo estadual também se comprometeu a ampliar a assistência técnica, intensificar programas sociais, diversificar os tipos de sementes cedidos e estabelecer políticas diferenciadas de regularização fundiária e outras reivindicações nas áreas de habitação, meio ambiente e salários.

A 15ª edição estadual do Grito da Terra contou com representantes de vários movimentos sociais e trabalhadores vindos de diversas regiões do Paraná, em 28 ônibus. A passeata percorreu as ruas Presidente Faria, Carlos Cavalcanti e Barão do Cerro Azul e a Avenida Cândido de Abreu, até a Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico. Durante a manifestação foi distribuída meia tonelada de feijão. Integrantes do Grito da Terra participaram também de audiências no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na Superintendência Regional do Trabalho, no Banco do Brasil e na Caixa Econômica, e ainda ocuparam as galerias da Assembleia Legislativa.

Depois de virar desafeto de grandes proprietários rurais e dos de­­fensores do agronegócio, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, agora é alvo dos pequenos agricultores – que ele declarou diversas vezes proteger. Uma das principais manifestações realizadas ontem no Grito da Terra – movimento que realizou passeata e atos em órgãos públicos – foi a ocupação pacífica da superintendência do Ibama no Paraná.Durante algumas horas, aproximadamente uma centena de trabalhadores rurais ocupou o prédio para forçar uma audiência com o ministro. Tudo porque desde julho, quando Minc desistiu de tentar negociar a edição de uma Medida Provisória (MP) que amenizaria as exigências ambientais para os pequenos produtores, ele teria evitado se encontrar com representantes dos agricultores familiares. Os manifestantes deixaram o Ibama depois da promessa, feita por um assessor do ministério, de que Minc atenderia uma comissão na primeira brecha na agenda, em breve.

O descontentamento dos pe­­quenos trabalhadores rurais foi demonstrado apenas quatro meses depois de o ministro subir no carro de som durante a edição nacional do Grito da Terra, ostentando um boné da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Contag), e comprar briga com os ruralistas, a quem chamou de vigaristas. Logo depois, Minc reconheceu que exagerou e foi repreendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por causa das constantes desavenças com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

A aliança que Minc firmou com a agricultura familiar começou a se esfacelar quando, atendendo a pressões de movimentos ambientalistas, ele se viu forçado a recuar na decisão de brigar pelo afrouxamento das cobranças ambientais para os pequenos proprietários rurais. O movimento de agricultura familiar pede que o decreto presidencial, que exige a recomposição de áreas e o pagamento de multas por desmatamento em reservas legais, que passa a valer em janeiro, seja reconsiderado. "Muitos agricultores fizeram adaptações nas propriedades, no tempo em que a lei permitia, e não têm condições de pagar por isso", afirma o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), Ademir Mueller.

O deputado federal Assis do Couto (PT-PR), que é da frente parlamentar pela agricultura familiar, esteve acompanhando de perto a ocupação no Ibama ontem e acredita que a pressão exercida pelos manifestantes foi legítima, mas não vê tanta resistência assim por parte do ministério, como alegado pelos movimentos sociais. "O ministro tem atendido mais aos ambientalistas, mas não virou as costas para os pequenos produtores", afirma.

O Ministério do Meio Ambiente informou, por meio da assessoria de imprensa, que o ministro mantém a postura de defesa à agricultura familiar e que um grupo de trabalho, formado por técnicos do go­­­verno e de movimentos sociais, está se reunindo periodicamente para discutir propostas de melhorias que permitam a conciliação entre preservação ambiental e proteção dos interesses dos agricultores.

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