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Uma mensagem no novo relatório é que a epidemia de aids, por mais devastadora, não tem sido o desastre demográfico que se previa. Estimativas de incidência e projeções para o vírus realizadas para a África, na década de 1990, acabaram se mostrando altas demais. Além disso, em muitas populações, o tratamento com novos medicamentos reduziu a taxa de mortalidade pela doença.

Porém a sobrevivência de milhões de pessoas com aids, que teriam morrido sem tratamento, e as taxas decrescentes de mortalidade infantil no continente também significam que as taxas de fertilidade feminina precisam cair com maior rapidez para refrear o crescimento populacional, segundo demógrafos.

Especialistas afirmaram que outros fatores desaceleraram as mudanças na África, incluindo a falta de poder das mulheres nos relacionamentos com homens, tradições como casamento precoce e poligamia e ausência de liderança política. Enquanto três quartos das mulheres casadas dos EUA usam algum contraceptivo moderno em seus anos de fertilidade, as proporções são de um quarto das mulheres na África Oriental, uma em cada 10 na África Ocidental e meros 7% na África Central, segundo estatísticas da ONU.

"A África Central e a Ocidental são as duas grandes regiões do mundo onde a transição da fertilidade está acontecendo, mas a passo de lesma", disse John F. May, demógrafo do Banco Mundial.

Alguns estudos sugerem que proporcionar acesso fácil e barato a contraceptivos nem sempre é suficiente. Um experimento conduzido por pesquisadores de Harvard em Lusaka, na Zâmbia, descobriu que os nascimentos só diminuíam significativamente quando as mulheres tinham autonomia suficiente para decidir sobre o uso de contraceptivos.

Outros estudos mostraram que a educação geral para meninas desempenha um papel essencial, já que as jovens instruídas têm mais chances de compreender que o tamanho da família é uma escolha.

O relatório destacou um problema reverso em alguns países desenvolvidos: populações que estão estagnadas ou até mesmo em queda. A fertilidade está abaixo do nível de reposição em muitos dos países mais ricos do mundo e, a menos que eles abram suas fronteiras para uma vasta imigração, alguns enfrentam um futuro com poucos trabalhadores jovens para pagar pelo custo dos aposentados.

O novo relatório sugere que a China, adepta de longa data da imposição de políticas populacionais restritivas, logo poderá se juntar à lista de países com populações em declínio. O relatório prevê que a população chinesa atingirá um pico nas próximas duas décadas, atingindo 1,4 bilhão, e então começará a decrescer, chegando a 941 milhões de pessoas em 2100.

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