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A Justiça da França anunciou ontem, em Paris, que vai abrir investigação oficial contra a maior companhia fabricante de aviões comerciais do mundo, a Airbus, por homicídio culposo – não intencional – dos 228 passageiros e tripulantes do voo AF-447. A decisão foi comunicada ao diretor-presidente da empresa e pode se estender à Air France, cujos executivos foram convocados a comparecer à Justiça hoje, na capital francesa.

Pelos trâmites da Justiça na França, a abertura oficial de investigação – a "mise en examen", no vocabulário jurídico do país – significa que os juízes de instrução do caso consideram que há elementos indicando possível responsabilidade em um crime. No caso do voo AF-447, desaparecido no Atlântico quando realizava a rota Rio de Janeiro-Paris, em 31 de maio de 2009, a Airbus é suspeita de ter negligenciado o risco de falhas nos sensores de velocidade das aeronaves, os "tubos de Pitot".

Segundo mensagens automáticas enviadas pelo aparelho antes da queda, essas sondas apresentaram falha, o que em tese pode ter provocado o desligamento em cadeia de sistemas eletrônicos de navegação da aeronave, induzindo a tripulação a possíveis falhas de avaliação. Essa hipótese foi levantada nos primeiros dias após o acidente e é considerada pelo Escritório de Investigação e Análises (BEA), órgão responsável pela investigação, como uma das possíveis origens do acidente.

Pela mesma suposta negligência, a Air France deve se tornar objeto de investigação formal da Justiça a partir de hoje. A companhia não se manifestou.

O diretor-presidente da Airbus, Thomas Enders, protestou contra a decisão. "Nós desaprovamos, julgamos prematura", disse, garantindo que a empresa continuará a "cooperar com a investigação e para a realização da próxima fase de busca das caixas-pretas".

Sob a coordenação do BEA, as autoridades francesas realizarão nas próximas semanas uma quarta etapa de buscas em uma região de 10 mil quilômetros quadrados do Atlântico Sul, que se estenderá até junho.

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