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Uma hora de chuva forte na noite de anteontem foi suficiente para causar sérios estragos em oito bairros de Curitiba, além de Colombo, na região metropolitana. No total, 3,3 mil pessoas sofreram com os alagamentos. A situação mais grave ocorreu perto do Rio Atuba, na divisa do bairro Santa Cândida com Colombo, onde 65 famílias estão desabrigadas. No Jardim Califórnia, também no Santa Cândida, 320 domicílios foram atingidos pela chuva, deixando 50 desabrigados até o final da tarde de ontem.

A Defesa Social de Curitiba atendeu 94 ocorrências, das quais 89 eram alagamentos de residências e 5 de quedas de árvores. Já o Corpo de Bombeiros recebeu, entre às 23 horas de anteontem e às 7 horas de ontem, mais de 500 ligações solicitando atendimento – a maioria também relacionada a alagamentos. A média em dias normais é de 150 telefonemas. Em Colombo, segundo a Defesa Civil do Estado, 1.200 pessoas tiveram as casas alagadas.

Ainda em Curitiba, 46.191 moradores de 23 bairros ficaram sem energia elétrica das 19 horas à meia-noite de segunda-feira. No trânsito, 37 semáforos foram desligados. Em algumas ruas do Centro, Rebouças e Guabirotuba o tráfego foi bloqueado. Também foram atingidos o Cajuru, Jardim das Américas, Santa Felicidade e Uberaba.

Santa Cândida

Por volta das 23h30 de anteontem, famílias desabrigadas começaram a chegar no Centro Municipal de Educação Infantil Vila Califórnia, no Jardim Califórnia, no Santa Cândida. Ao todo, 30 pessoas passaram a noite no centro educacional. Desde a noite de segunda-feira até o fechamento da edição, a diretora do centro, Marli Colasso França, estava sem dormir, mas pronta para ajudar. "Já passei por situações semelhantes, fico sensibilizada", diz.

Ontem, 150 refeições foram servidas aos desabrigados na escola. A sopa foi preparada com a doação de uma empresa. Mais 20 pessoas passaram a noite na escola ontem.

Darci e Edson Assunção e os três filhos, moradores da margem de um córrego que desemboca no Rio Atuba, são uma das famílias desabrigadas. "Tivemos medo de perder nossos filhos", explica ela. Eles tiveram que salvá-los pelo telhado do barraco onde vivem. É o quarto alagamento pelo qual a família passa em quase dois anos.

Ainda no Santa Cândida, a queda de uma árvore sobre um poste de luz na Rua Zake Sabbag gerou um incêndio. "Ficou um clarão azul. Foi um caos, as pessoas que passavam não sabiam se podiam chegar perto", afirma a empresária Diva Cordeiro, 57 anos.

Barreirinha

No Barreirinha o vento fez com que várias árvores caíssem. Por pouco uma delas não atingiu Mário Candal, morador da Rua Fernando de Nororonha. Ele tentava arrumar uma goteira no local onde a árvore desabou.

Já na Rua Judith Sanson Tedeschi, uma família inteira escapou por pouco da morte. "Ficamos com medo quando o vento começou a estourar os vidros e fomos nos abrigar numa construção, assim que saímos a árvore caiu bem na nossa casa", relata Patrícia Rosa Candido. Próximo dali, na Rua João Kania, uma árvore atingiu um carro.

Colombo

Em Colombo, moradores das ruas Pedro Gonshi e José Nadani, no Jardim Marambaia, onde a água chegou a atingir mais de um metro, protestaram contra o descaso da prefeitura. Móveis foram queimados. "Eles (a prefeitura) tiraram há pouco meses a mata ciliar do Rio Atuba, por isso a enchente", explica a moradora da região Mari de Melo. "A gente não quer Festa da Uva e sim obras", ressalta.

Isabel Peleck, a exemplo de outras famílias da região, passou ontem tentando limpar a sujeira da enchente. "Ficou só a casa, os móveis foram todos. Se chovar de novo, nem a casa fica", resigna-se. Isabel mora com mais dez pessoas.

De acordo com a prefeitura de Colombo, 90 famílias foram atingidas na região. "Nós fazemos manutenção constante nessas ruas, o problema é que foi muita água mesmo", argumenta o secretário de Obras Severino Barbosa da Silva.

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