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Estudo inédito

Pesquisa feita em 2005 mostra que o álcool e a violência estão intimamente associados.

Incidência

A violência foi registrada em 35% das 7.939 residências pesquisadas.

Álcool

Em 17,4% dos casos de violência, o abuso do álcool estava presente.

Algoz e vítima

90% dos agressores

alcoolizados eram homens. E 65% das vítimas, mulheres.

Tipo

Um quarto dos registros foi de violência física e 5%, de agressões com armas.

Um problema de saúde que também é caso de polícia. O alcoolismo, que na última semana foi apontado pelo Ministério da Saúde como um dos principais responsáveis pelas mortes decorrentes de doenças do aparelho circulatório, aparece também associado a histórias de violência. Um estudo inédito da Universidade Federal de São Paulo, realizado em 7.939 domicílios de 108 cidades brasileiras, revela que houve violência em 35% das residências. Em 17,4% dos casos, o abuso do álcool estava presente.

A maioria absoluta dos agressores alcoolizados (90%) são homens, e 65% das vítimas, mulheres. Um quarto dos registros foi de violência física e 5%, de agressões com armas.

"O álcool é a droga mais associada à violência. Favorece a violência, rebaixa a crítica e aumenta a agressividade", diz a professora Ana Regina Noto, coordenadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid).

Nos domicílios onde há álcool, a violência tende a ser mais duradoura. As agressões que se perpetuam por até cinco anos ocorrem três vezes mais nessas casas do que onde a bebida não está presente. Entre as vítimas, 86,4% não procuram ajuda. Para Arilton Martins Fonseca, autor do estudo, os principais motivos são a vergonha e o medo. "Quando o álcool está presente, a violência é reincidente e o tempo de duração é gigante", diz Fonseca.

Ele coletou os dados em 2005, mas o estudo foi apresentado à comunidade científica pela primeira vez em julho deste ano, em um congresso sobre o alcoolismo em Washington, nos Estados Unidos.

Outro trabalho da Escola Paulista de Medicina, da pesquisadora Cláudia Tondowski, diz que, em alguns casos de violência doméstica associada ao álcool, os casais permanecem juntos por mais de 20 anos. Muitos entrevistados viam como única possibilidade de rompimento a morte de um dos parceiros. Uma parcela significativa das mulheres vítimas de cônjuges alcoolizados conseguiu se separar do parceiro agressor, mas estabeleceram novas relações com companheiros violentos.

A pesquisadora analisou o histórico familiar de 42 pessoas vítimas ou agentes de diferentes tipos de ofensas relacionadas com o uso excessivo da bebida. Ela estudou 790 familiares e percebeu que, para 83%, o álcool é a principal causa da agressão. O estudo conclui que o abuso da droga pode ser compreendido como um padrão familiar e que crianças aprendem a ser violentas com os pais. Adultas, acabam repetindo as agressões.

Comportamento

O alcoolismo é considerado doença pela Organização Mundial da Saúde. A substância é classificada como droga psicotrópica, pois atua no sistema nervoso central. Seu consumo, segundo a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), provoca mudanças de comportamento e gera potencial risco de dependência.

Os dados oficiais sobre o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil, de 2007, indicam que, entre os homens adultos, 11% bebem todos os dias e 28% de uma a quatro vezes por semana. No ano passado, o governo lançou a Política Nacional sobre o Álcool, focada no tratamento de dependentes e no combate de álcool no trânsito. Outro foco é a capacitação de profissionais para enfrentar o problema.

"Estamos capacitando profissionais da rede pública para identificar essa situação antes de o usuário se transformar em dependente", afirma a secretária-adjunta da Senad, Paulina Duarte, que completa:

"Não há dúvida de que o álcool está associado à violência, seja ela interpessoal, doméstica ou violência no trânsito.

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