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Um grupo de 300 pessoas invadiu na tarde desta sexta-feira (27/12) a Reserva Indígena Tenharim, no município de Humaitá (a 675 quilômetros de Manaus), para tentar resgatar três pessoas que estão desaparecidas desde o dia 16 de dezembro. Moradores acreditam que os desaparecidos tenham sido sequestrados por indígenas. O ingresso de não indígenas a esse tipo de reserva só pode ocorrer mediante autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Pelo menos 140 índios que estavam na reserva foram retirados na noite de quarta-feira por membros da 54º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS) como meio de prevenção ao ataque. Os manifestantes já haviam anunciado a invasão 24 horas antes de entrar nas aldeias da reserva. Os índios refugiados estão a 123 quilômetros de distância (cerca de três horas de viagem) da reserva invadida.

Procurada, a Polícia Federal (PF) do Estado de Rondônia, responsável pelo policiamento do local, informou que até agora não tem notícias de feridos durante a invasão. Segundo a assessoria de comunicação da PF, membros da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal também estão na região para tentar conter a violência dos invasores e buscar os desaparecidos. A Polícia Federal não informou o número de policiais envolvidos na operação.

De acordo com o comerciante de Humaitá Josseney Almeida, os manifestantes que entraram na reserva são os mesmos que atearam fogo em veículos e imóveis da Funai e do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) no último dia 25.

"Essas pessoas são familiares e amigos dos desaparecidos e como eles continuaram sem informação sobre o paradeiro deles, decidiram invadir a reserva", afirmou.

No dia 16 de dezembro, três pessoas estavam na estrada de Humaitá dentro de um carro a caminho do município de Apuí. O professor da rede pública municipal Stef Pinheiro de Souza, o gerente da Eletrobrás Amazonas Energia em Santo Antônio do Matupi (Distrito de Manicoré) Aldeney Ribeiro Salvador e o representante comercial Luciano da Conceição Ferreira Freire pretendiam prestar serviços na cidade vizinha.

A irmã de Luciano Freire, Luzineide Fereira Freire de Lima, 33, afirmou que amigos da família dizem ter visto um grupo de 10 indígenas cercar o carro em que estavam os homens, por volta das 10h, e obrigaram-nos a entrar na aldeia.

"Essa informação foi passada por um de nossos vizinhos, mas até agora não entendemos o motivo de os índios terem feito isso. Todas as pessoas que estavam dentro daquele carro tinham um bom relacionamento com os moradores da aldeia", disse, na ocasião.

Em nota, a Funai repudiou o ato do dia 25. Segue a íntegra:

"A Funai vem a público repudiar a violência ocorrida na noite da última quarta-feira (25), onde manifestantes do município de Humaitá incendiaram o prédio da Fundação Nacional do Índio, município localizado a 675 quilômetros de Manaus, destruindo também veículos e barcos oficiais.

Atos de vandalismo contra o patrimônio público são injustificáveis e configuram ilícitos.

Os manifestantes reivindicam a busca de três pessoas desaparecidas desde o último dia 16.

Nesse sentido, informamos que não compete à Funai promover ações de investigação, apuração, ou buscas de pessoas desaparecidas. Essas ações constituem atribuições das Forças de Segurança Pública.

Vale ressaltar que a Funai se colocou sempre à disposição para apoiar e colaborar com as autoridades em apurações e no acompanhamento do diálogo com os indígenas.

A Fundação Nacional do Índio é um órgão público que integra a estrutura do Governo Federal, e atua no estrito cumprimento de seu dever de proteger e promover os direitos dos Povos Indígenas.

É fundamental reafirmar, nesse momento, os princípios que regem o Estado Democrático de Direito, no âmbito do qual são reprováveis a prática de ameaças, de violência física e moral contra indígenas e contra servidores públicos, e a depredação do patrimônio público, causadora de enorme prejuízo ao erário.

Manifestamos nossa disposição de cooperar com as ações tendentes ao distensionamento dos conflitos na região e à preservação das vidas dos indígenas, dos servidores, e dos cidadãos locais.

Solicitamos que a população atue no sentido de contribuir também com a reversão desse quadro perigoso e negativo, com a liberação dos acessos aos municípios da região para que as autoridades policiais possam realizar seus trabalhos e tranquilizar todos moradores daquela região."

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