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É durante o verão que a maioria das pessoas aproveita uma descida para a praia para saborear peixe, camarão, casquinhas de siri, caranguejo ou lagosta – e algumas delas acabam no pronto-socorro por causa da alergia aos frutos do mar, mais freqüente entre adultos. De acordo com a médica Lúcia Rodrigues, do Hospital de Paranaguá, o número de atendimentos a casos como esses aumenta consideravelmente durante os meses das férias de verão. "Não é possível quantificar de maneira exata esse crescimento, mas ele é evidente. Nas férias as pessoas costumam associar diversos tipos de alimentos sem se preocupar com a saúde. O calor e a desidratação aumentam o risco de reação", explica.

A alergia alimentar se caracteriza por uma reação adversa a determinado alimento. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), este tipo de alergia atinge de 2% a 3% da população adulta. Ao contato com o alérgeno, o organismo desenvolve uma reação de defesa que se manifesta de formas variadas de pessoa para pessoa. "Os sintomas podem surgir na pele, no sistema gastrointestinal ou no aparelho respiratório", explica o presidente da Asbai, Nélson Rosário.

O que torna as reações preocupantes é que nunca se sabe a intensidade em que vão ocorrer. Elas podem ser leves, como uma coceira nos lábios, ou mais graves, podendo até mesmo comprometer outros órgãos. Foi aos 21 anos que o personal trainer Heron Lombardi Mattos, hoje com 38, descobriu que era alérgico a crustáceos. "Eu estava em uma chácara com uns amigos e comemos lagosta. Foi a primeira vez que me senti mal. Um dos meus amigos, que é médico, me alertou sobre a possibilidade de reação alérgica e passei a prestar mais atenção", lembra.

Em alguns casos, basta a presença do alérgeno para que o organismo reaja; já para outras pessoas depende da quantidade do alimento que é ingerida. Mattos conta que, em um restaurante japonês, pediu um prato com frango, já sabendo que não poderia comer frutos do mar. "Logo que comecei a comer já passei a me sentir mal, com a garganta querendo fechar. Depois descobri que tinham fritado o frango no mesmo óleo do camarão", afirma. Em outra ocasião, quando trabalhava em um restaurante, uma reação na pele surgiu simplesmente ao encostar no camarão sem luvas.

De acordo com o alergologista Alexsandro Zavadniak, do Hospital das Clínicas da UFPR, qualquer alimento pode desencadear reação alérgica. "Além dos crustáceos, outros alérgenos bastante comuns são leite de vaca, ovo, soja e trigo. No caso de crustáceos, amendoim, leite de vaca e nozes a preocupação é maior, pois podem causar reações anafiláticas", afirma. Peixe, frutos do mar, amendoim e castanhas correspondem a 85% das reações alérgicas em adultos. Além disso, o médico alerta que os alimentos podem provocar reações cruzadas, induzindo respostas alérgicas semelhantes. "Alguém alérgico a camarão pode também não tolerar outros crustáceos e pacientes alérgicos ao amendoim podem também apresentar reação ao ingerir outros grãos", esclarece.

Pacientes que sofrem de outros tipos de alergias têm mais chances de apresentar reações alimentares. Segundo dados da Asbai, a incidência em crianças com dermatite atópica é de 30% e em crianças asmáticas, 5%. A predisposição genética, a potência alérgica de alguns alimentos e alterações no intestino também influenciam. Mais da metade dos pacientes com alergia alimentar possuem história familiar de alergia. Se o pai e a mãe são alérgicos, a probabilidade de que os filhos tenham a doença é de 75%.

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