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Brasília – As conveniências políticas pessoais e regionais estão comandando as alianças para as eleições em segundo turno e se tornaram fator de peso na disputa presidencial entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Com dez governos estaduais ainda indefinidos e a promessa de uma reta final eleitoral acirrada, os dois candidatos ao Palácio do Planalto têm aceitado conversar com todo mundo, literalmente. O mesmo fenômeno se reproduz regionalmente na eleição para governador. Por conta de uma série de contradições ideológicas, políticos do mesmo partido embarcam em candidaturas adversárias e inimigos do primeiro turno se preparam para pedir votos juntos na reta final.

Apenas no Rio de Janeiro, por exemplo, Alckmin e Lula dividiram o PMDB local. O presidente atraiu para seu palanque nacional o senador Sérgio Cabral Filho, que terminou na frente no primeiro turno estadual, apoiando sua candidatura local em troca. Já Alckmin levou do PMDB fluminense para seu palanque o ex-governador Anthony Garotinho, a governadora Rosinha Matheus e o ex-governador Moreira Franco.

O movimento provocou o primeiro estrago político da campanha de Alckmin no segundo turno e resume bem a incoerência eleitoral. No primeiro turno, o tucano teve como principal aliado no Rio o prefeito da capital, César Maia (PFL), rival direto de Garotinho e que apóia a candidatura local de Denise Frossard (PPS) ao governo.

Precisando aumentar seus votos na Baixada Fluminense e em outras cidades do interior do Rio de Janeiro, Alckmin acertou uma polêmica aliança com Garotinho, provocando a fúria de César Maia que viu a decisão como um golpe na candidatura de Frossard, já que o ex-governador apóia Cabral no estado. Alckmin nem se identifica com a política de Garotinho, mas vê no novo aliado uma entrada em redutos eleitorais dominados por Lula A vantagem do petista na capital e nos maiores colégios eleitorais do estado foi de 1,4 milhão de votos.

Assim, no meio dessa confusão, Garotinho patrocina a candidatura de Cabral para o governo, que pede votos para Lula, que vê sua força no Rio ameaçada porque Garotinho pede votos para Alckmin, que pede votos para Denise Frossard. Parece difícil de entender e é mesmo. Só para complicar ainda mais: no primeiro turno, Alckmin fez campanha no Rio para Eduardo Paes (PSDB).

Inversão

As contradições são tão grandes que partidos invertem suas posições conforme a situação regional. PMDB e PP fazem isso em Goiás e Santa Catarina. Em Goiás, no segundo turno, o senador Maguito Vilela (PMDB) conta com o apoio de Lula para derrotar Alcides Rodrigues (PP), que terá a ajuda de Alckmin já que é ligado ao senador eleito Marconi Perillo, um dos principais líderes tucanos. Em Santa Catarina, o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) abrirá seu palanque para Alckmin, já que seu vice é o tucano Leonel Pavan. Seu adversário será Esperidião Amin (PP), que negocia abertamente um acordo com Lula.

Em Pernambuco, os adversários também se juntam sem constrangimento. Colegas de equipe ministerial de Lula, Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT) fizeram um primeiro turno às turras, já que apenas um deles chegaria à reta final contra o pefelista Mendonça Filho. Agora, para bater Mendonça, Campos já assegurou o apoio de Costa.

Mendonça deve abrir palanque para Alckmin, tentando colar no crescimento eleitoral registrado na reta final do primeiro turno. Ou seja, fará o que não fez no primeiro turno, quando chegou a participar de solenidades com Lula, embora o candidato a vice na chapa de Alckmin seja o senador José Jorge, também do PFL pernambucano.

No Maranhão, a senadora Roseana Sarney (PFL) ignora a indicação do seu partido para apoiar Alckmin e pede votos para Lula. Ela faz isso para barrar o avanço de Jackson Lago (PDT), que a ameaça no segundo turno. Como o festival de contradições é interminável, o PDT, partido de Lago, está praticamente fechado nacionalmente em favor de Alckmin.

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