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Comércio de lotes preocupa

Segundo o coordenador-geral do plano diretor de Telêmaco Borba, José Carlos Santos, algumas pessoas estão se beneficiando da onda de invasões em massa. "Tenho relato de uma família que invadiu um terreno e o vendeu por R$ 1,3 mil. A família que adquiriu o local fez uma pequena construção e revendeu por R$ 15 mil, e com a entrada de R$ 7 mil já comprou outro terreno irregular", conta.

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Faz um mês que a imobiliária pediu que Dorvalina Batista das Dores, 63 anos, deixasse a casa onde morava de aluguel, em Telêmaco Borba, nos Campos Gerais. O imóvel será locado por um valor bem maior, que ela não pode pagar. "Não tenho para onde ir. Por isso, tive de vir para cá", conta. Enquanto espera que a filha junte dinheiro para comprar madeiras e construir seu barraco, Dorvalina passa o dia com a neta embaixo de uma lona preta. Ela improvisa um fogão com tijolos e bebe água da nascente existente poucos metros abaixo.

Dorvalina e outras 400 famílias ocupam, desde o início do mês, terrenos públicos ou áreas de preservação ambiental. O anúncio de ampliação da principal indústria papeleira da região, com a oferta de 4,5 mil empregos, e outros 1,5 mil para a construção da usina hidrelétrica de Mauá, no ano passado, provocou uma elevação sem precedentes nos preços dos aluguéis.

"Há focos de invasões em toda a cidade", conta o coordenador-geral do plano diretor de Telêmaco Borba, José Carlos Santos, destacando que as ocupações que ocorreram neste mês não são situações isoladas. "Um dos nossos problemas são famílias de classe média baixa que, não tendo como pagar os aluguéis altos, partiram para invasão irregular", comenta Santos. Para se ter uma idéia, o aluguel de um apartamento simples de 50 metros quadrados no centro de Curitiba vale cerca de R$ 300, mais condomínio. Em Telêmaco Borba, um apartamento com as mesmas proporções chega a custar R$ 500, fora o condomínio.

A casa alugada pelo porteiro Josival José, 40 anos, fica a menos de 200 metros do barraco de lona que ele montou às margens de uma nascente. "Eu, minha mulher e meus três filhos nos revezamos para cuidar do terreno, porque não vou conseguir continuar pagando o aluguel", conta. José veio de Pernambuco há oito anos, recebe R$ 600 pelo emprego temporário e passou a pagar R$ 480 pela casa, há um ano. O valor da locação era de R$ 150 e subiu 220%.

Em alguns locais, onde no início do mês havia apenas barracas de lona já começam a surgir pequenas construções de madeira, com espaço mínimo para cozinha e quarto. As famílias das áreas invadidas permanecem no local na esperança de conseguir a posse do terreno. Muitas alegam que quando recebem o salário precisam escolher entre pagar o aluguel ou comer. "Nós não estamos conseguindo sobreviver", reclama Taís Aparecida de Sá, 30 anos. Ela morou com os três filhos em barraco de lona por 10 dias. Agora conseguiu erguer um cômodo de madeira. Taís diz que está cadastrada na prefeitura há três anos. Segundo a prefeitura, 2,4 mil famílias estão inscritas em programas habitacionais. "Todos são invasores em potencial", diz o coordenador-geral do plano diretor.

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