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Ana Júlia, na escola em que estuda e que permaneceu ocupada por 15 dias | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Ana Júlia, na escola em que estuda e que permaneceu ocupada por 15 dias| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

A estudante Ana Júlia Ribeiro, que, na última semana, silenciou deputados paranaenses ao discursar na Assembleia Legislativa, vai ter a oportunidade de, mais uma vez, dar voz ao movimento deflagrado pelos secundaristas paranaenses. Ela será ouvida em audiência pública da comissão de direitos humanos da Câmara e do Senado, em sessão que será realizada na segunda-feira (31). Outra aluna que falou aos deputados do Paraná, Nicolly Moreira do Nascimento também participará da sessão.

A audiência da qual as estudantes paranaenses vão participar terá como tema o impacto da PEC 241 (que prevê limitação dos gastos públicos) nas políticas educacionais e sociais. Neste domingo (30), Ana Júlia já estava em Brasília e, por telefone, disse que estava se preparando para o encontro, mas, por causa de outros compromissos de que participava, preferiu não adiantar o que vai apresentar aos parlamentares.

Ana Júlia Ribeiro ganhou destaque na última quarta-feira (26), quando defendeu as ocupações dos colégios estaduais (dizendo que os alunos aprenderam mais sobre política e cidadania nas escolas tomadas do que em “aulas-padrão”) e disse que os deputados tinham “as mãos sujas de sangue” (em alusão à morte de um estudante em uma ocupação).

Interrompida pelo deputado Ademar Traiano (PSDB), que disse que não toleraria ataques aos deputados, Ana Júlia pediu desculpas, mas apontou que, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a responsabilidade da educação é da sociedade, da família e do Estado.

O vídeo do discurso da estudante viralizou na internet e chegou a ser compartilhado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ana Júlia também recebeu um telefonema do ex-presidente Lula (PT), que a parabenizou pelo discurso. Na ocasião, a estudante agradeceu pelo apoio, mas demonstrou preocupação quanto a se ver vinculada a algum partido.

“Somos apartidários. Não temos lado. Aqui, mesmo [na ocupação], tem gente de direita, de esquerda. A nossa única bandeira é a educação”, ressaltou à Gazeta do Povo, na ocasião. “Eles [Dilma e Lula] tem o direito de compartilhar o vídeo. Eu não posso intervir nesse direito de manifestação deles”, ponderou.

Posteriormente à repercussão, a estudante chegou a ser perseguida por pessoas e grupos contrários ao movimento de ocupação. A garota chegou a ser hostilizada por homens que teriam se identificado como integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL). Na página do Facebook, a ocupação do colégio em que Ana Júlia estuda – o Senador Manoel Guimarães (Cesmag) – informou que os alunos deixaram a escola no sábado (29), depois de terem permanecido na unidade por 15 dias.

Outro discurso

Antes de Ana Júlia ter discursado aos deputados paranaenses, outra estudante secundarias, Nicolly Moreira do Nascimento, havia falado à Assembleia Legislativa. Em seu pronunciamento, ela chamou a atenção para a violência dentro das escolas.

“A cada ano muitos adolescentes morrem dentro de escola. Talvez por agressões, uso de entorpecentes e até intolerância, mas isso não parece ser preocupação para o governo. Entretanto, morre um jovem dentro de uma ocupação pacífica e organizada e, de repente, parece que todo mundo se importa com as escolas”, apontou.

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