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Graduação

Curso superior é adaptado

Além da oferta de aulas em escolas rurais até o ensino médio para quem mora no campo, educadores também defendem a proposição de novos formatos no ensino superior para atender os alunos.

Um exemplo são os cursos superiores em regime de alternância, como vem sendo feito na Unioeste. A Universidade oferece o curso Pedagogia do Campo em um formato diferente. Os alunos ficam 50 dias alojados na universidade e têm oito horas aula ao dia. Depois, voltam para as comunidades com roteiro de atividades para fazer.

A ideia, segundo a professora da Unioeste, Liliam Faria Porto Borges, é formar o jovem para voltar e atuar na comunidade.

A Unioeste, campus de Francisco Beltrão, é pioneira na oferta do curso e hoje tem alunos de seis estados brasileiros. Nesta linha há dois cursos, Pedagogia para Educadores do Campo e Licenciatura em Educação do Campo, no qual o aluno é formado por áreas do conhecimento. Um exemplo é a área de Ciências da Natureza e Matemática – um único professor pode atuar em Física, Química, Biologia – assim precisa-se de menos professores. Hoje na Unioeste há 57 alunos no curso de licenciatura e 39 em pedagogia.

No Paraná, os cursos voltados para o campo são financiados pelo MEC. Este ano, professores estão se mobilizando para os cursos serem bancados pelo governo do estado. Atualmente, os cursos são feitos a partir do lançamento de editais. Se um aluno é reprovado em uma disciplina, ele perde todo curso porque não há outras turmas abertas.

A professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e coordenadora do curso de Pedagogia para o Campo, Liliam Faria Porto Borges, defende o direito à educação no local onde a criança mora até o ensino médio. Na linha contrária ao fechamento das escolas rurais, ela diz que o transporte escolar nem sempre funciona porque há casos de ônibus quebrados e dificuldade de circulação em dias de chuva.Outro argumento da professora é em relação à identidade do aluno que vive no campo. "A criança vem com o sapato e a mãozinha suja de terra, roupa própria do campo e com um linguajar de seu cotidiano e são sistematicamente discriminados". O formato urbano das escolas desestimula os jovens que vivem no meio rural, diz.

Liliam diz que a evasão de alunos do campo é expressiva, sobretudo na adolescência, quando há uma tendência de eles negarem suas origens. A professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sônia Miranda, diz que, em outros casos, a realidade urbana seduz os estudantes, que não veem mais sentido em trabalhar no campo.

Para a professora, as atuais escolas rurais precisam superar o modelo multisseriado e ter mais qualidade, inclusive com novas bibliotecas.

A professora Fabiane Picheth, do Grupo Educacional Uninter, questiona o aspecto da melhoria da qualidade de ensino a partir do deslocamento das crianças do campo para a área urbana. Em muitas cidades do interior há problemas de formação docente, infraestrutura e materiais didáticos nas escolas. Ela também ressalta a importância da educação nessas áreas. "A região rural do país é responsável por significativa parcela da economia, portanto se a educação de qualidade estivesse presente neste meio, não teríamos um ganho que poderia alavancar estas regiões também no aspecto econômico?"

Outro aspecto é a formação de professores para as escolas do campo que são das próprias comunidades. Para isso, algumas universidades oferecem o curso Pedagogia para o Campo (veja quadro ao lado). Esta seria uma forma de minimizar custos e evitar o deslocamento de professores da zona urbana para o campo.

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